A agência da ONU que lida com refugiados palestinianos (UNRWA) apresentou esta terça-feira um relatório em que acusa as autoridades de Israel de deter e torturar várias pessoas junto à fronteira de Karem Abu Salem, que separa Gaza, Israel e o Egipto.
Desde 4 de abril, diz a UNRWA, Israel já libertou 1506 detidos, incluindo 43 crianças e 84 mulheres. Os relatos dos sobreviventes apontam para violações dos direitos humanos cometidos por Israel.
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“Estas violações incluem pessoas a ser agredidas enquanto eram forçadas a deitar-se num colchão fino por cima de destroços durante horas, sem acesso a comida, água ou casa-de-banho, e com as pernas e braços presos com sacos de plástico”, sublinha o relatório.
Vários palestinianos contaram que foram forçados a entrar em jaulas, para de seguida serem atacados por cães. “Alguns detidos, incluindo uma criança, tinham marcas de mordidelas de cão no corpo”, nota a UNRWA.
Além disso, os cidadãos palestinianos foram ameaçados de morte – tal como os seus familiares – se não revelassem informação que as autoridades israelitas considerassem relevante.
Ao mesmo tempo, Israel continua a bloquear a entrada de ajuda humanitária em Gaza: “Desde o início de abril, uma média de 181 camiões carregados com ajuda entraram em Gaza. Este número continua a ser muito inferior à capacidade operacional e ao objetivo de 500 camiões por dia”, declarou a agência especializada da ONU em comunicado.
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Itália oferece tropas para missão de paz
Caso seja criado um Estado palestiniano reconhecido pela comunidade internacional, a Itália está disposta a enviar tropas para a Palestina como parte de uma missão de manutenção da paz, disse esta terça-feira o vice-primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros italiano. “O Governo italiano está fortemente empenhado na paz”, garantiu Antonio Tajani.
“Somos amigos de Israel, mas queremos trabalhar para a paz, incluindo através do possível envio de tropas se for criado um Estado palestiniano, juntamente com forças de outros países”, afirmou, apelando à contenção de Israel na resposta ao Irão. “Espero que não haja uma escalada”, disse Tajani.
“Agora temos de evitar que o conflito se alargue, porque não temos apenas tensões em Gaza, mas também no Mar Vermelho”, defendeu.
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Ao mesmo tempo, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha viajou hoje para Israel com o objetivo de “evitar uma nova escalada” na região. Segundo Annalena Baerbock, a União Europeia tem de aplicar novas sanções contra empresas que contribuem para o fabrico dos drones iranianos, que atacaram Israel este fim-de-semana.
“No final do outono, pedi à França e a outros parceiros da UE para que este regime de sanções aos ‘drones’ fosse alargado a novos tipos de equipamento utilizados por Teerão e pelos seus aliados”, disse a ministra alemã.
“Espero que finalmente possamos dar este passo juntos como UE”, acrescentou Baerbock.
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Outras notícias
> A UNRWA também anunciou que encontrou bombas não deflagradas em várias escolas de Khan Younès, sul da Faixa de Gaza, que até recentemente esteve ocupada por tropas israelitas. O peso total dos explosivos ultrapassa os 450kg.
> Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G7 reúnem-se entre quarta e sexta-feira na ilha italiana de Capri para discutir as tensões no Médio Oriente, sendo previsível que abordem sanções ao Irão, na sequência do recente ataque a Israel. O Conselho Europeu também vai reunir-se, esperando-se uma posição de “condenação” ao ataque iraniano.
> Após o assassinato de quatro palestininanos, incluindo uma criança, por colonos israelitas na Cisjordânida ocupada este fim-de-semana, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) exigiu que as forças de Telavive parem de participar e apoiar ataques no território. Na Cisjordânia ocupada, pelo menos 468 palestinianos foram mortos por soldados ou colonos israelitas desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. Cerca de 490 mil israelitas residem nos colonatos, ilegais ao abrigo do direito internacional.
> Pelo menos oito mesquitas foram atacadas em Gaza pelas forças de Israel durante as festividades do final do Ramadão na semana passada. Desde o início do conflito, pelo menos 534 mesquitas foram destruídas ou danificadas em Gaza, apesar de serem locais protegidos pelo direito internacional em tempos de guerra.