A SIC encontrou estudantes timorenses que esperam há sete anos pela nacionalidade portuguesa a que têm direito por terem nascido antes da independência. Não têm emprego, nem as mais básicas condições de sobrevivência.

Francisco foi o único com coragem para mostrar o rosto e a situação de pobreza em que vive. Com 300 euros no bolso deixou Timor-Leste há ano e meio e logo depois era apanhado pelos tentáculos da chamada escravatura moderna na agricultura.

Comia apenas biscoitos e voltou para as ruas de lisboa, mas a fome mantém-se. Com 24 anos, Francisco já viveu ao relento em vários locais de Lisboa. Agora, com a ajuda de Mariana Carneiro e da Santa Casa, divide um quarto e já tem promessa de emprego.

Os amigos de Francisco, também filhos de Timor, ainda continuam na rua. Uma tenda é a casa de “David” há quatro meses. Não quer que a família saiba.

Timorense pagou 250 euros à embaixada portuguesa

Ainda em Timor, há sete anos, “David” pagou 250 euros à embaixada portuguesa para iniciar o processo de obtenção da nacionalidade a que tem direito, mas até hoje continua à espera.

É o caso de “David”, Francisco, Mário e tantos outros, que cada vez mais tornam o largo da Igreja dos Anjos, em Lisboa, pequeno para tantas vidas em suspenso.

Mário nasceu no mês do massacre de Santa Cruz, em Dili, em novembro de 1991, onde pelo menos 271 timorenses morreram num ataque de militares indonésios sobre manifestantes pró-independência. Este foi um momento histórico que contribuiu para, 11 anos depois, a independência do país face à indonésia.

Mário também foi vítima de redes de exploração laboral. Recebia 350 euros por mês pelo trabalho na agricultura.

Arroios é casa de muito imigrantes

Arroios é a freguesia mais multicultural do país. Há mês e meio refugiados senegaleses da Gâmbia, da Argélia, chegaram a Portugal com a roupa do corpo. Pediram asilo depois de cruzarem o mediterrâneo rumo a Espanha.

Sobrevivem com a ajuda de Abdul, comerciante turco há 22 anos em Portugal, que todos os dias oferece 60 a 80 refeições.

À falta de espaço, os passeios são agora território exclusivo dos novos moradores refugiados. Alguns já apresentaram o pedido de asilo. A vizinhança não gosta e queixa-se de falta de higiene e segurança.

Nos últimos meses, a Câmara de Lisboa apoiou 172 timorenses em situação de sem-abrigo. Admite à SIC que o número de pessoas ilegais sem teto tem vindo a aumentar.

Refere também que tem 70 milhões de euros para ajudar quem não tem casa nos próximos seis anos disponibilizando mais 700 habitações. Lembra, no entanto, que a competência das migrações é do Governo e a ação social direta pertence à Santa Casa, Segurança Social e Agência para as Migrações, Integração e Asilo.

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