O projeto de lei é considerado repressivo e a União Europeia (UE) advertiu que poria em risco a adesão do país ao bloco europeu.

O texto, que levou milhares de georgianos para a rua desde que foi apresentado pela segunda vez no parlamento, em meados de abril, pelo partido no poder, Sonho Georgiano, foi denunciado pela sua semelhança com uma lei adotada na Rússia, que permitiu, em poucos anos, silenciar a oposição a Vladimir Putin.

Também suscitou preocupações em Bruxelas, que advertiu que a adoção deste tipo de lei poderia reduzir as hipóteses de adesão da Geórgia à UE.

Com bandeiras europeias e georgianas, cerca de 20.000 pessoas reuniram-se na Praça da República, no centro de Tbilisi, segundo um jornalista da agência de notícias France-Presse (AFP) presente no local.

Os manifestantes iniciaram então uma “marcha pela Europa” de um quilómetro, ao longo da principal avenida da cidade até ao parlamento georgiano.

“Estou aqui para defender o futuro da Geórgia”, disse um dos manifestantes, Lacha Tckheidzé, de 19 anos. “Não à Rússia, não à lei russa, sim à Europa”, acrescentou.

Uma primeira tentativa de aprovar o texto falhou há um ano, após uma mobilização maciça da oposição.

A manifestação de hoje foi organizada em resposta a um apelo de grupos de defesa dos direitos humanos e de partidos da oposição, que até agora se tinham mantido à margem de uma luta que mobilizou sobretudo os jovens.

“As autoridades, que reintroduziram o projeto de lei russo, estão a ir além do que a Constituição permite e estão a mudar o rumo do país, traindo a vontade invariável do povo”, escreveram os organizadores num comunicado.

“Esta lei, tal como este Governo, é incompatível com a escolha histórica da Geórgia de ser membro da União Europeia”, disse à AFP Nika Gvaramia, líder do partido da oposição Akhali, durante a manifestação.

Manifestações anteriores dos últimos dias foram dispersadas pela polícia e nas ruas secundárias do centro da cidade as forças da ordem agrediram e prenderam manifestantes.

O partido no poder anunciou que irá realizar a sua própria manifestação na segunda-feira, altura em que o texto deverá ser examinado em segunda leitura no parlamento georgiano.

Se for aprovada, a lei obrigará nomeadamente organizações não-governamentais (ONG) ou órgãos de comunicação social que recebam mais de 20% do seu financiamento do estrangeiro a registar-se administrativamente como uma “organização que defende os interesses de uma potência estrangeira”.

A Presidente da Geórgia, a antiga diplomata francesa Salome Zurabishvili, que está em conflito com o partido no governo, mas cujos poderes são limitados, garantiu que vetará a lei, se necessário.

Antiga república soviética situada no Cáucaso, a Geórgia virou-se para o ocidente há duas décadas, uma orientação há muito apoiada pelo antigo Presidente Mikheïl Saakachvili, atualmente preso.

Mas o partido atualmente no poder é acusado pela oposição de estar a orientar insidiosamente o país para Moscovo.

Leia Também: Jovens saíram à rua na capital da Geórgia em manifestação pró-europeia

Compartilhar

Leave A Reply

Exit mobile version