O Irão começou, este sábado, a contagem dos votos das eleições para o Parlamento e para a Assembleia de Peritos que, segundo dados provisórios citados pela agência de notícias estatal, tiveram uma taxa de participação de cerca de 41%.

Os resultados oficiais deverão ser anunciados no domingo, dois dias após o ato eleitoral, tal como aconteceu nas eleições legislativas de anos anteriores.

Cerca de 60 mil assembleias de voto abriram, na sexta-feira, durante 16 horas, após o horário de votação ter sido prolongado três vezes até à meia-noite em todo o país, onde mais de 61 milhões de pessoas foram chamadas às urnas.

A mais baixa taxa de afluência às urnas

O Presidente do Irão, Ebrahim Raisi, disse, este sábado, que a participação dos iranianos nas eleições foi “um golpe para os opositores teimosos do país, numa afluência às urnas que, segundo dados iniciais, rondou os 41%.

Esta presença, cheia de paixão e compreensão, foi mais um golpe para os teimosos opositores do Irão, depois do golpe histórico que receberam nos distúrbios do ano passado, disse Raisi num comunicado divulgado pela agência noticiosa estatal IRNA, passando por cima da mais baixa taxa de participação em eleições no país.

O Presidente iraniano, dirigindo-se aos responsáveis de forças políticas que boicotaram a votação, referiu-se, sobretudo, aos protestos desencadeados pela morte de Mahsa Amini, em 2022, em que exigiram o fim da República Islâmica.

A morte de Mahsa Amini, às mãos da Polícia dos Costumes, desencadeou fortes protestos feministas que pediam o fim da República Islâmica e desvaneceu-se após uma repressão policial que resultou em 500 mortos, na detenção de 22 mil pessoas e na execução de oito manifestantes, um deles em público.

Joel Saget/AFP Via Getty Images

Descontentamento generalizado

Teerão acusou os Estados Unidos e outros países ocidentais de fomentarem os protestos.

Raisi afirmou que os detratores do Irão usaram todo o seu poder para fazer com que as eleições de sábado não fossem bem-sucedidas e alegou que gastaram milhares de milhões de dólares nisso.

As eleições foram dominadas pelos conservadores e decorreram no meio de um descontentamento popular que ameaçava uma baixa taxa de participação, não só devido aos protestos, mas também à má situação económica e à desqualificação dos políticos reformistas.

As autoridades multiplicaram os apelos ao voto, enquanto os opositores e mesmo os políticos reformistas apelaram ao boicote das eleições.

Órgão central da República Islâmica

Cerca de 15.200 candidatos — 1713 dos quais mulheres — disputam os 290 lugares no Parlamento, enquanto 144 clérigos concorrem aos 88 lugares na Assembleia de Peritos, o órgão que elege o Líder Supremo da República Islâmica em caso de vacatura.

Este órgão é eleito de oito em oito anos e poderá ter um papel decisivo na presente legislatura, uma vez que o Líder Supremo do Irão, o ayatollah Ali Khamenei, já tem 84 anos.

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