A ofensiva russa na região de Kharkiv não é só preocupante como parece inesperada, pelo menos para as forças ucranianas. Em entrevista ao “Economist”, o vice da secreta militar ucraniana, Vadym Skibitsky, disse que seria de esperar uma incursão russa em Kharkiv no final de maio ou início de junho. Mas tudo começou mais cedo, na noite de 10 de maio, o que viria a tomar forma na manhã seguinte, com duas incursões na fronteira ucraniana de Kharkiv, a partir Berlgorod, na Rússia. Num post na rede social X, às 8h25 da manhã de 11 de maio, Igor Girkin escreveu: “Kharkiv direction, here we go” [“Cá vamos nós, em direção a Kharkiv”]. Girkin é um nacionalista russo e veterano de guerra no Donbas desde 2014, nome de guerra Strelkov, com papel fulcral na anexação ilegal da Crimea, e no cerco de Sloviansk, onde a guerra entre separatistas e o Exército ucraniano começou. Foi ministro da Defesa da República Popular de Donetsk, e considerado culpado já em 2022, pelo abate do voo comercial MH17 no verão de 2014. Crime de guerra onde morreram 298 pessoas.

Há meses que Moscovo dizia que ia avançar sobre Kharkiv. Putin deu a entender que o seu objetivo era não só o Donbas, mas também Kharkiv, Zaporíjia e Kherson. O que corre na bocas saudosas de Moscovo, após a dissolução da URSS, como Nova Rússia, nome da época da Imperatriz Catarina II, do Império Russo. Mas para Putin passado e o futuro parecem intermutáveis e o seu desejo é “reparar o maior erro da história – a dissolução da URSS”. Esta era a estratégia, que já existia nos tempos de Yeltsin, mas as fragilidades económicas e políticas da Rússia não permitiam tais aventuras. Aliás a primeira guerra da Chechénia foi perdida, para Putin reparar a questão, e vencer no Cáucaso há segunda vez. A nível tático, Putin explora a fragilidade dos inimigos e, o antecipar da ofensiva em Kharkiv, é explorar uma oportunidade: a escassez de munições no Exército ucraniano, embora com um pacote de 61 mil milhões de dólares (56,2 mil milhões de euros) aprovado, a escassez de combates, com uma nova lei da mobilização que só entrara em vigor em meados de junho, e a elevada moral das tropas russas depois da tomada de Avdiivka e posterior avanço, sem que houvesse quase linhas defensivas.

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