“O que me dá mais prazer é quando o filme é mostrado e quando há pessoas que me escrevem ou vêm falar comigo a dizer que o filme lhes tocou. É nesse momento que tudo faz sentido”, disse o realizador português em entrevista à agência Lusa.

A longa-metragem cumpre hoje a estreia mundial no festival neerlandês, numa sessão já esgotada, estando previstas ainda sessões na quarta-feira, com possibilidade de diálogo com o público, e na quinta-feira.

‘Estamos no Ar’ é um filme praticamente contemporâneo da curta-metragem ‘Luz de Presença’, que Diogo Costa Amarante estreou em 2021, e ambos partilham afinidades, na abordagem das personagens e de temas, como o amor e a solidão, e nos cenários escolhidos, no Porto.

“Não deixa de ser sempre inspirado em histórias minhas, em pessoas que conheço; partimos da experiência pessoal para a ficção. E essa coincidência tem que ver com temas, assuntos, questões que me interpelam e que trago para o mundo da ficção”, contou.

Em ‘Estamos no Ar’ há três personagens centrais, todas elas a lidarem com medos e frustrações de relações pessoais: Fátima, cabeleireira, que sonha com o vizinho, polícia; Vítor, o filho dela, que é figurante em programas de televisão; e Júlia, a mãe dela, que enviuvou e vive num lar.

Este triângulo familiar é interpretado por Sandra Faleiro, Carloto Cotta e Valerie Braddel, aos quais se juntam Cucha Carvalheiro, Romeu Runa, João Pacola e Anabela Moreira, entre outros.

O filme, segundo Diogo Costa Amarante, é “o resultado de uma observação”, transformada em ficção, às vezes com humor, com exagero.

Diogo Costa Amarante, nascido em 1982, chega a esta primeira longa-metragem depois de várias ‘curtas’ premiadas, nomeadamente ‘Jumate’ (2008), ‘As rosas brancas’ (2014) e ‘Cidade pequena’ (2016), que lhe valeu um Urso de Ouro no festival de Berlim.

O realizador, e produtor dos seus filmes, considera que “tem de haver um ponto de loucura, é uma pulsão quase irracional” querer fazer cinema, porque é uma arte demorada e difícil.

“Muito pouca gente vive financeiramente do cinema, então por que é que fazem? […] Uma coisa de uma hora e meia, depois de anos de trabalho, mas chega a alguém, comunica. É uma forma que encontrei de me comunicar com os outros”, disse.

O realizador admite que atualmente há uma relação mais saturada do espectador com a imagem, por ser exibida e estar acessível em tantos formatos distintos, mas defende que um filme como ‘Estamos no Ar’ é para ser visto no cinema.

“Houve um investimento em pequenos detalhes, em subtilezas de som, que exigem uma concentração que a sala de cinema permite, porque numa outra sala compete com muito mais coisas”, explicou.

Quando questionado como é que o cinema português pode chegar aos portugueses, Diogo Costa Amarante não tem soluções: “Temos de nos sentar todos e fazer perguntas”.

‘Estamos no Ar’ ainda não tem data de estreia comercial nos cinemas portugueses.

O Festival de Cinema de Roterdão começou no dia 25 e termina no domingo, 04 de fevereiro.

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