Distante vai já a vitória nas legislativas, em coligação com a AD, ainda que o presidente da Direção Nacional do Partido Popular Monárquico (PPM), Gonçalo da Câmara Pereira, tenha rápida e repentinamente sido afastado da campanha. Os tempos agora parecem ser conturbados e nem é somente, e desta feita, por não integrar, nas eleições europeias, a coligação da Aliança Democrática. Gonçalo da Câmara Pereira está a ser duramente contestado no partido por ter agendado para este domingo um congresso do PPM na ilha do Corvo, nos Açores — já o terceiro congresso seguido ali realizado.

Pedro Borges de Macedo, deputado municipal do PPM em Braga, não marcou presença no Corvo, mas enviou uma carta à direção, acusando-a de agir “como se de um Partido Comunista se tratasse”.

“Quando se comemoram 50 anos do 25 de Abril, quando se comemoram 50 anos do Partido Popular Monárquico, vemos uma direção que se quer perpetuar no PPM e que não consegue aceitar uma oposição interna e muito menos conviver com ela”, denuncia Borges de Macedo. Tal como ele, outros militantes não estiveram no Corvo este domingo — somente estiveram presentes 33 pessoas —, acusando Câmara Pereira de se “refugiar em marcações de congressos nas ilhas açorianas sem permitir que os militantes do continente se possam pronunciar”.

Os custos são, dizem, incomportáveis. “Para se participar num congresso, o nosso partido exige que seja gasto um valor nunca inferior a €900, isto sem contar com o alojamento e com a alimentação. Nos 50 anos do partido, não seria lógico que o Congresso fosse em Lisboa?”, questiona Pedro Borges de Macedo.

O deputado municipal, apontando “cobardia” à direção, lembra que soube “por interposta pessoa e de uma forma casual” da realização do congresso, e exige agora a convocação de um congresso extraordinário, “na capital do país e que é Lisboa”, onde, como no passado, “exista uma possibilidade de se expor ideias, moções, recomendações”.

“Neste momento estamos perante uma direção autista e antidemocrática”, termina.

Aqui decorreu o congresso eletivo do partido na ilha do Corvo. Marcaram presença somente 33 pessoas

D.R.

Presente no Corvo, mas igualmente descontente, esteve Aline Hall de Beuvink, primeira vice-presidente do partido, agora demissionária. Ao Expresso, denunciou “coisas graves que se passam e que toldam os sucessos”, coisas essas que impedem os militantes “de ter voz”.

“O partido tem perpetuado os mesmos no poder, num processo doentio de rotativismo. Fazem-no por estarem presos a esse poder. Não é por acaso que este é o terceiro congresso eletivo consecutivo nos Açores”, explica, crítica.

Aline Hall de Beuvink acusa esta direção de Gonçalo da Câmara Pereira de “fazer todas as manobras que puderam para não virem os militantes do continente”. Assim, lamenta agora, “era impossível apresentar sequer uma lista contrária à que aqui hoje é apresentada”.

Na certeza de que o PPM “se está a esvaziar” porque militantes como Aline Hall de Beuvink, “que são a voz incómoda”, não se revêem “e têm vergonha do que se passa”, a vice-presidente demissionária só vê um caminho para acabar com a “anedota” (relembra que Câmara Pereira foi tratado “de forma indigna [pela AD] devido ao seu comportamento patético”) em que um “partido histórico, credível e respeitado” se tornou: impugnar o congresso realizado no Corvo, marcando outro, aberto a todos.

“Este partido tem-se comportado, e este congresso é um bom exemplo disso, de forma ditatorial e anti-democrática. Eu já nem vou falar na forma misógina e de compadrio, mas, acima de tudo, de forma anti-democrática”, rematou Aline Hall de Beuvink, acusando a direção de integrar “traidores da democracia e do ideal monárquico”.

Compartilhar

Leave A Reply

Exit mobile version