Desde novembro que 22 países europeus, como Alemanha, França ou Polónia, registaram mais de 1600 protestos de agricultores, sendo que em janeiro representaram 40% do total das manifestações, de acordo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Uma infografia elaborada por esta organização destacou hoje que as exigências dos agricultores por mais proteção económica e menos regulamentação levaram a um aumento de protestos em toda a Europa nos últimos três meses, e especialmente nas últimas três semanas.

“Inicialmente proeminente em conjunto com os protestos dos camionistas ao longo da fronteira da Polónia com a Ucrânia em novembro e dezembro de 2023, desde então, os protestos dos agricultores envolveram a Alemanha e a França, com protestos semelhantes realizados em todo o continente”, sublinham nesta análise sobre os protestos, que também se registam em Portugal desde quinta-feira.

As manifestações afetaram 22 países europeus desde novembro, sendo que ocorreram 1.600 eventos relacionados com os agricultores.

Só em janeiro, estas manifestações representaram mais de 40% dos protestos na Europa, sendo que a Alemanha registou 630 eventos e a França 330.

A infografia concentra dados de países como a Alemanha, França, Polónia, Roménia, Bélgica, Países Baixos, Irlanda ou Itália.

De acordo com a ACLED, os protestos na Alemanha ocorreram de forma homogénea em todo o país, contra os cortes nos subsídios públicos e a eliminação gradual da redução do imposto sobre o gasóleo para os agricultores.

Em França as manifestações também se registam de norte a sul e impulsionaram um conjunto de protestos por toda a Europa, que se prolongam desde meados de janeiro.

Os agricultores franceses reivindicam a flexibilização da Política Agrícola Comum (PAC), alegam estar abandonados e criticam a falta de clareza nas políticas públicas, numa altura em que se debatem com a escalada do preço dos fatores de produção.

Na Polónia, os protestos têm-se concentrado na fronteira junto à Ucrânia, em exigência de políticas de proteção contra as importações de produtos agrícolas ucranianos mais baratos, enquanto na Roménia, os agricultores juntaram-se aos camionistas e bloquearam as principais estradas em janeiro, reivindicando impostos mais baixos e subsídios para o setor, ainda de acordo com a infografia.

A Comissão Europeia vai preparar uma proposta para a redução de encargos administrativos dos agricultores, que será debatida pelos 27 Estados-membros a 26 de fevereiro.

O porta-voz do executivo comunitário para a Agricultura, Olof Gille, defendeu hoje que a simplificação é uma “prioridade máxima” da PAC e a chave do pacote que será apresentado para reduzir os encargos administrativos dos agricultores.

A CAP acabou de ser revista para o período 2023-2027, tendo introduzido os planos estratégicos nacionais, que dão mais margem de manobra aos Estados-membros na definição dos regimes e programas para ajudar os seus agricultores, nomeadamente para o cumprimento de metas climáticas ou de segurança alimentar.

A situação da agricultura na UE ganhou uma grande visibilidade com os recentes protestos que mobilizaram milhares de agricultores em vários Estados-membros, incluindo Portugal, com fecho de fronteiras e cortes de estradas.

Os agricultores europeus saíram à rua nas últimas semanas, bloqueando estradas com tratores e fardos de palha, exigindo a flexibilização da PAC e mais apoios para o setor, em ações que já levaram os governos a adotar novas medidas.

Em Portugal, os protestos são organizados pelo Movimento Civil de Agricultores e o Governo avançou com um pacote de ajuda de mais de 400 milhões de euros destinados a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), garantindo que a maior parte das medidas entra em vigor este mês, com exceção das que estão dependentes de ‘luz verde’ de Bruxelas.

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