Agora é a sério. A nata do Bloco Central e mais uns quantos amigos bem colocados, outros muito interessados na domesticação do Ministério Público, quer discutir a Justiça. Sobretudo quer colocar a investigação criminal que incomoda gente mais ilustre na dependência do poder político. É verdade que deve discutir-se a Justiça, o MP, as prioridades da investigação, tudo o que quiserem, mas se as ideias dos subscritores do manifesto vingarem, estaremos perante um verdadeiro empobrecimento democrático. Uma coisa é o saudável escrutínio externo, para o qual existem instrumentos que o poder político nunca utilizou. Outra é quererem pôr o MP de cócoras perante quem – não dizem – viesse a decidir se se abrem certos inquéritos, depois de avaliada a fundamentação para abri-los. Se podem comportar escutas e outros meios de investigação. É o regresso a uma famosa teoria enunciada por Duarte Lima, que defendia uma autoridade para supervisionar a Justiça (e as escutas) em certos casos. A democracia dos manifestos tem sempre o problema da seletividade social. Esta gente incomoda-se com os processos que tocam as suas esferas de convívio, nunca com tudo o que, todos os dias, toca na vida dos cidadãos comuns, seja pela ação do sistema de Justiça ou outro. Um velho vício de casta.

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