A Universidade de Lisboa (UL) justifica, num comunicado divulgado esta sexta-feira, o recurso à polícia para acabar com um protesto estudantil nas suas instalações com a necessidade de “repor a segurança de bens, equipamentos e pessoas”.

“Valorizámos sempre a expressão livre de ideias e o envolvimento da comunidade em causas que nos preocupam coletivamente. Face a métodos e comportamentos que põem seriamente em causa a segurança de pessoas e bens e, por extensão, o bom funcionamento da ULisboa e das suas Escolas, é nossa responsabilidade pôr termo a esta iniciativa”, afirma a instituição.

Estudantes universitários e do ensino secundário portugueses ligados a movimentos como a Greve Climática Estudantil e Estudantes pela Justiça na Palestina protestavam desde terça-feira na Faculdade de Psicologia da UL, em cujo edifício funciona também o Instituto de Educação.

Segundo o comunicado, as “direções das duas Escolas da ULisboa (…) favoreceram inicialmente a coexistência da manifestação de protesto [pelo fim da guerra na Faixa de Gaza e dos combustíveis fósseis] com o desenvolvimento das atividades académicas previstas”.

Mas, na tarde de quinta-feira, “começaram a verificar-se preocupantes situações de destruição do património, grafitagem e ameaça à segurança através da eliminação e arrombamento de fechaduras, deixando livre acesso a zonas do edifício onde se encontram laboratórios, serviços administrativos, gabinetes das direções e salas de aula”.

Considerando que “a facilidade de acesso a registos de dados pessoais e académicos, a materiais de laboratório e tecnológico e a documentos e posses, constitui um risco inaceitável”, bem como que “parte substancial dos manifestantes” não pertencia à comunidade das duas Escolas, “o Reitor da ULisboa e os diretores da Faculdade de Psicologia e do Instituto de Educação solicitaram a intervenção das autoridades”.

Representantes do protesto estudantil disseram esta sexta-feira à agência Lusa que, na noite de quinta-feira, oito pessoas foram detidas e outras obrigadas a abandonar o local pela PSP, que não comentou a ocorrência.

Os movimentos tinham convocado a ocupação associando-se a um protesto estudantil que se iniciou nos campus norte-americanos e se estendeu a universidades de várias cidades europeias, do Canadá, México e Austrália, para exigir o fim da ofensiva israelita na Faixa de Gaza.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do grupo radical palestiniano Hamas em solo israelita, a 7 de outubro de 2023, que causou cerca de 1 200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

A ofensiva lançada por Israel em represália provocou desde então quase 35 mil mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

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