Bruno Gonçalves, atual secretário-geral da União Internacional de Juventudes Socialistas (IUSY), conseguiu o melhor lugar de sempre de um jovem nas listas do PS às eleições europeias ao ocupar o quarto lugar na candidatura do partido este ano, encabeçada por Marta Temido.

Em entrevista ao  Notícias ao Minuto , o socialista, de 27 anos, mostra-se honrado com o voto de confiança do secretário-geral do partido, Pedro Nuno Santos, considerando ainda que esta escolha revela que o PS “está determinado em mostrar  que quer apostar nos jovens que têm um entendimento amplo sobre política”. 

Embora aponte desafios problemáticos do país e da Europa, se for eleito, espera “representar Portugal da melhor forma possível” no Parlamento Europeu e “corresponder às ambições de uma juventude que não pode ficar para trás”. 

Bruno Gonçalves entende ainda que a política em Portugal e na Europa “não só deve como tem de atrair mais jovens”, dado o “crescente alarme de tensão social de discursos políticos inflamados”, observando que a “única forma” de o fazer é “garantindo que as promessas dadas são cumpridas”.

Para isso, defende que é necessário “renovar a comunicação com a juventude” e “apostar em soluções sólidas”, que afirma serem apostas do PS. Contrariamente, “as diferenças são bem claras” na aposta na juventude da AD. “Não estamos interessados em apresentar rostos novos com ideias velhas”, sublinha.

Perante o crescimento da extrema-direita em Portugal e na Europa, o socialista destaca também que é necessário apresentar “as melhores soluções” no Parlamento Europeu de forma a “melhorar eficazmente a qualidade de vida das pessoas no seu quotidiano”.

Temos uma geração de políticos mais bem preparados em Portugal e temos de a saber aproveitar

Com apenas 27 anos, Bruno Gonçalves surge como quarto na lista das eleições europeias pelo Partido Socialista (PS). Como se sente a ocupar este lugar, que é o melhor lugar de sempre de um jovem nas listas do partido às europeias? 

É sobretudo uma honra, mas que vem com um nível de responsabilidade. Aquilo que o PS está determinado em mostrar é que quer apostar nos jovens que têm um entendimento amplo sobre política, que têm um entendimento amplo e firme sobre a União Europeia, numa geração que é não só comprometida, preparada, mas que deve ter um conjunto de oportunidades. 

Temos uma geração de políticos mais bem preparados em Portugal e temos de a saber aproveitar porque a política tem de ser uma ação nobre e tem sempre de ser uma ação no sentido de ajudar a vida política das pessoas.

Por isso, um partido que aposta nos jovens tem de ser um partido que comunica com eles, que lhes transmite uma mensagem muito objetiva e, no caso das eleições europeias, isso é determinante.

As eleições europeias, a União Europeia e o Parlamento Europeu decidem muito da política nacional mas decidem quase tudo da política coletiva, nomeadamente em matéria de liberdade, em matéria de autonomia estratégica, em matéria de igualdade pelos cidadãos e pelos respeitos humanos.

É esse projeto de paz, esse projeto de desenvolvimento e, sobretudo, esse projeto coletivo de integração que queremos desenvolver também no seio da União Europeia, não como algo distante mas como algo de que Portugal e os portugueses fazem parte.

O partido está interessado em renovar a sua mensagem para com o país

E como analisa esta escolha do partido? Acha que revela que o PS está à procura de compreender a juventude e dar-lhe respostas também num contexto europeu?

Naturalmente. Acho que o PS sempre esteve com a juventude. E o facto de integrar mais jovens mais bem colocados nas suas listas quer também dizer que o partido está interessado, mais do que em renovar as suas fileiras, em renovar a sua mensagem para com o país.

Sabemos que há um conjunto de expectativas que foram criadas no país e na Europa, fruto de políticas socialistas e sociais-democratas. Temos hoje, não só um continente de paz, mas de prosperidade, que é para muitos jovens a nível mundial o ex-líbris dos valores humanistas, mas também do ponto de vista do progresso tecnológico.

Ora, aquilo que queremos assegurar é que esta juventude, esta nova geração, que por cá se educa, que por cá se qualifica, tem também oportunidades para por cá se estabelecer. 

Esse foco é um dos pilares desta campanha. A liberdade que um jovem tem para poder ficar em solo europeu, para poder ficar em Portugal e, para aí, não só exercer a sua profissão mas concretizar-se plenamente e emancipar-se. E, para que isso aconteça, a União Europeia tem um papel fundamental.

Não é por acaso que o PS aposta forte nestas eleições europeias com a Marta Temido como cabeça de lista, com Francisco Assis, com Ana Catarina Mendes, com o meu nome, com nomes muito capazes e muito amplos na sociedade civil e com experiência política, que também é muito importante. 

Não basta ser jovem, é preciso também ter essa experiência para depois, no âmbito das funções no Parlamento Europeu, ter um conjunto de ferramentas que nos permitam alcançar uma agenda não só mais progressista mas que defenda os interesses do país. Aí o PS foi determinante e bastante afirmativo na aposta que fez no conjunto da lista que apresentou ao Parlamento Europeu.

Os desafios para o partido são inerentemente os desafios do país e os desafios da Europa

E quais acha que são os desafios para o PS ao tentar alcançar uma agenda mais progressista?

Os desafios para o partido são inerentemente os desafios do país e os desafios da Europa. Mas, naturalmente, aquilo que entendemos como desafios são diferentes dos desafios que a Direita clássica e a extrema-direita entendem para o continente europeu.

Desde logo, temos uma aposta forte na questão das alterações climáticas e da transição climática. A transição climática pode não só gerar melhores empregos, como é necessária.

O facto de a Europa poder atrasar-se no combate às alterações climáticas, poder atrasar-se do ponto de vista tecnológico do desenvolvimento em algumas funções que permitam alcançar a neutralidade carbónica até 2050 é, desde logo, não só sinal de emergência, como de urgência daquilo que precisamos de fazer na indústria.

Mas depois, para o mercado em geral e mais concretamente para a juventude, há uma grande aposta que é necessário fazer, que tem a ver com a habitação. O PS tem um compromisso firme – e sempre o disse – de querer resolver o problema da habitação de um ponto de vista integrado. E, para isso, é preciso pensar em soluções transnacionais. Este é um problema que deve ser levado também para o seio da União Europeia.

Haverá outros problemas que nos dizem muito, mas outro desafio é também a política de rendimentos. Este é um problema chave para mais do que uma geração, para várias gerações, e, sobretudo, para as gerações futuras. Precisamos de uma Europa focada no presente e no futuro e isso significa que a Europa e a União Europeia não podem, enquanto mercado único, enquanto mercado industrial, continuar a perder espaço em mercados económicos.

A Europa foi capaz de ser pioneira nas primeiras revoluções industriais e tem de saber acompanhar esta nova revolução industrial, que é a revolução digital. Só com isso é que também conseguiremos aquilo que alcançámos nas revoluções passadas – que é ter não só uma melhor política de rendimentos, que assegura uma transição económica e ambiental justa. 

Estes dois pilares de rendimentos associados à componente dos direitos sociais, dos pilares sociais, desde logo instaurados pela União Europeia, pelo PS, pelos sociais-democratas, e também por Portugal, são fatores de esperança para estas e para as próximas gerações.

A lista do PS é a que melhor representa os interesses de Portugal na União Europeia

Como vê o facto de Sebastião Bugalho, com uma idade próxima da sua, ter encabeçado a lista às Europeias pela Aliança Democrática (AD)? Também tinha ou tem essa ambição dentro do PS?

Desde já, não me queria alongar muito sobre as escolhas dos outros partidos. Alguns dizem que é uma escolha inesperada, outros dizem que pode ser mais ou menos feliz. 

O que tenho a certeza é de que a minha vontade, a minha ambição, é única, é a de representar Portugal da melhor forma possível, corresponder às ambições de uma juventude que não pode ficar para trás e que precisa de ter oportunidades no seio do continente europeu, nos seus países, de emancipação plena. Essa é a minha única ambição. 

Confio que toda a atividade cívica e política que desenvolvi ao longo dos últimos anos me mune de uma experiência política que é muito relevante para as relações que, caso os portugueses assim o desejem, eu e um conjunto de eurodeputados desempenharemos a partir do dia 9 de junho.

Tenho a certeza de uma coisa: a lista do PS não é só a lista que combina juventude com experiência, mas é também a lista que melhor representa os interesses de Portugal na União Europeia.

A única forma de convencer uma geração mais jovem é garantindo que as promessas dadas são promessas cumpridas

Embora sejam posições importantes para jovens políticos, acha que a pouca representatividade revela que a política não consegue atrair os jovens?

A política não só deve como tem de atrair mais jovens. Por uma razão simples: nós hoje vivemos na Europa e em Portugal, como todos podemos entender, um crescente alarme de tensão social, que vem, desde logo, de discursos políticos inflamados.

A única forma que temos de convencer uma geração mais jovem e as próximas gerações de que a política é verdadeiramente uma ferramenta que muda as suas vidas, uma atividade em que vale a pena investir o seu tempo, é, desde logo, garantindo que as promessas dadas são cumpridas – portanto, honrar a palavra, honrar compromissos. 

Mas depois, também, estar à frente do seu tempo. A política tem de ser vista como uma atividade que previne problemas, uma atividade que os soluciona antes de eles existirem. E é por isso que temos, a partir do Parlamento Europeu, mas também no Conselho e na Comissão Europeia, desafios enormes. Para a juventude europeia, que é, desde logo, também a juventude portuguesa, é preciso saber responder não só com determinação, mas com uma visão diferente.

Tenho a certeza de que a política tem de se aproximar dos jovens, do ponto de vista da comunicação, mas também do ponto de vista da mensagem. Quando, hoje, os jovens sofrem em toda a União Europeia com o problema da habitação, a União Europeia e nós como jovens políticos temos de fazer com que estas vozes sejam ouvidas para que, tanto nestas gerações como nas gerações vindouras, esse problema já não seja mais sentido. Para que tenhamos a capacidade de o evitar no momento e de o prevenir no futuro.

 Se me perguntar a diferença entre a aposta na juventude do PS e na aposta da AD, as diferenças são bem claras

E quanto aos jovens que querem entrar na política? Há demasiados desafios?

Entrar na política, para os jovens, não é difícil sempre que o queiram. Acho é que, muitas vezes, os jovens se desiludem com a política ou com a forma tradicional de fazer política.

E é aí que, se me perguntar a diferença entre a aposta na juventude do PS e na aposta da AD, as diferenças são bem claras. O PS aposta na juventude numa ótica de renovar a comunicação, de renovar a sua mensagem e de apostar claramente em soluções sólidas para a juventude. 

Não estamos interessados em fazer a mesma política que se fazia no passado, não estamos interessados em apresentar rostos novos com ideias velhas. Estamos mesmo interessados em apostar em rostos novos com ideias novas e com ideias ao encontro daquilo que a juventude portuguesa quer e, desde logo, que a juventude europeia precisa, num momento de enorme instabilidade geopolítica, de enorme instabilidade no mundo e onde a Europa deve ser não só um farol de esperança, mas também de estabilidade.

Tenho a certeza de que não só o PS como a minha voz serão determinantes na defesa de um continente de paz, de respeito, de tolerância, de amor e de progresso

Como secretário-geral da União Internacional de Juventudes Socialistas (IUSY) tem promovido o debate e feito propostas que possibilitem o progresso, solidariedade e os direitos humanos no mundo. Pretende trazer esse contributo para a campanha do PS?

Pretendo e tenho essa obrigação moral para comigo mesmo, para com a minha experiência e para com os últimos três anos à frente da maior organização política de juventude do mundo.

Tive oportunidade, ao longo dos últimos anos, de presenciar e vivenciar situações dramáticas. Aquilo que se passa hoje e que já se passava na Palestina, tanto em Gaza como na Cisjordânia, a situação de privação de direitos fundamentais na Nicarágua ou casos como o que aconteceu na Suazilândia (agora chamada eSwatini) onde 67 jovens, no último ano, foram baleados até à morte simplesmente por defenderem a democracia.

Temos de olhar para estes casos e para muitos outros como um sinal de alerta daquilo que pode acontecer quando não defendemos a democracia, quando não defendemos os direitos humanos e é aí que tenho a certeza de que não só o PS como a minha voz serão determinantes na defesa de um continente de paz, de respeito, de tolerância, de amor e de progresso.

Para combatermos a extrema-direita, temos de ter as melhores soluções, as melhores políticas públicas 

Tem definido como uma das principais prioridades na IUSY a “redução das desigualdades”. No entanto, tem-se assistido a um crescimento da extrema-direita em Portugal e na Europa, principalmente entre os jovens. Como analisa este crescimento? E o que acha que deve ser feito no seio do Parlamento Europeu para que a tendência se inverta?

Desde logo, aprimorar, aprofundar e melhorar a política social em todos os parâmetros. Além disso, quanto aos direitos sociais já aprovados a nível europeu, concretizá-los nos diferentes Estados-membros.

Aquilo que a pergunta implica tem muito que ver com a questão das desigualdades sociais e económicas. Temos visto que, no mundo, apesar de uma crescente riqueza, as desigualdades económicas têm-se aprofundado. Há, hoje, uma diferença salarial mas também uma diferença de rendimentos e de capital cada vez maior entre aqueles que mais têm e aqueles que menos têm.

Temos, aliás, pela primeira vez na nossa história, em muitas e muitas partes do mundo, mas sobretudo aqui no continente europeu, uma geração que é altamente qualificada, que trabalha e que, ao mesmo tempo, não tem a qualidade de vida que desejava.

O primeiro pilar que temos de garantir é o pilar do bem-estar social associado a rendimentos dignos e a uma qualidade de vida digna. Isto porque quando falamos de diretivas de salários mínimos europeus, de melhor acesso à habitação a partir do investimento europeu, de igualdade em estágios remunerados, todos estes aspetos vão ao encontro da questão que me colocou. 

Para combatermos a extrema-direita, temos de ter as melhores soluções, as melhores políticas públicas e isso significa melhorar efetivamente a qualidade de vida das pessoas no seu quotidiano.

Os portugueses são bem conscientes da democracia que têm, dos momentos democráticos que exercem através do voto

Qual acha que vai ser a correlação entre as duas eleições (Legislativas em Portugal e as Europeias), se considera que haverá uma?

Não acho que haja. Tenho a certeza, e os dados mostram isso, de que os portugueses são bem conscientes da democracia que têm, dos momentos democráticos que exercem através do voto. Portanto, as eleições nacionais de âmbito regional, autárquico ou nacional são diferentes, naturalmente, das eleições Europeias.

Agora, ao contrário do que diz, por exemplo, o cabeça de lista às Europeias pela AD [Sebastião Bugalho], não existe um Portugal e uma União Europeia. Ao contrário do candidato, eu tenho noção firme e convicta de que a Europa é melhor com uma União Europeia e será sempre melhor com uma União Europeia.

Isso significa que os portugueses, mesmo sabendo que há diferentes momentos – eleições Legislativas nacionais para a composição do Parlamento nacional e eleições Europeias para a composição do Parlamento Europeu – sabem que Portugal faz parte da Europa, que a Europa é Portugal.

É com essa atitude que queremos ajudar a transformar também as instituições europeias, estando convictamente dentro, estando convictos de que a União Europeia é a melhor solução para a Europa de paz, progresso e prosperidade, nunca desistindo de a transformar para os melhores interesses dos jovens portugueses e dos portugueses em geral.

O que queremos é avançar em matérias de direitos porque, contra uma extrema-direita, nós queremos mais direitos

A candidatura do PS às Europeias, encabeçada por Marta Temido, pretende defender as conquistas de Abril de 74 com “escolhas que defendam aquilo que é o património destes 50 anos de democracia e liberdade”. A escolha do seu nome para a lista reflete isso e vai ao encontro do que já tem vindo a defender como secretário-geral da IUSY?

Sem dúvida. Ao longo dos últimos anos tive a oportunidade de estar à frente da IUSY que, durante 115 anos, debateu sempre as situações mais difíceis da I e na II Guerra Mundial, onde havia clandestinidade pela democracia e pela paz, pelo fim da guerra. 

Aquilo que vemos hoje é que o PS nos 50 anos do 25 de Abril apresenta uma lista composta por políticos, por personalidades com experiência e com juventude convicta e determinada em defender as conquistas de Abril, as conquistas que a liberdade trouxe.

O partido também pretende levar o 25 de Abril não só para a Europa, mas para o mundo. E tenho a certeza de que continuaremos a celebrar Abril ao longo dos próximos 50 anos nos parlamentos e também nas ruas com a garantia dos direitos.

O que queremos é avançar em matérias de direitos porque contra uma extrema-direita, nós queremos mais direitos.

Os portugueses são uma ponte, canais de diálogo e atores políticos em quem o mundo pode confiar

Foi o primeiro português a chegar ao cargo de secretário-geral da IUSY. Além disso, reuniu-se com António Guterres, também um português que é secretário-geral da ONU. Como viu este encontro? Guterres tem sido uma inspiração para si?

António Guterres é uma inspiração e um motivo de orgulho para todos os portugueses pelas funções que exerce. Aliás, ao longo dos mais de 60 países que visitei nos últimos anos, em reuniões distintas que tive com chefes de Governo, de Estado, parlamentares e com jovens, notei que a ação do secretário-geral da ONU não só é muito bem vista, como é muito bem-vinda.

E isso é muito difícil de dizer-se quando estamos a meio de um conflito cada vez mais bárbaro em Gaza, no meio das tensões que se vivem depois da invasão da Rússia à Ucrânia, a meio de conflitos tanto na América Central como no Sudeste Asiático, a meio de guerras civis que se fazem sentir em África e que depois resultam em golpes de Estado. 

A capacidade de diálogo do secretário-geral da ONU, mas, sobretudo, a capacidade de intervenção, têm garantido que, num momento geopolítico tão tenso, as Nações Unidas tenham o palco, a atenção e a intermediação que merecem em sua sede. 

Além disso, revela muito mais do que a sua capacidade, releva que os portugueses são uma ponte, canais de diálogo e atores políticos em quem o mundo pode confiar e que não cai em falsas tentações de ódio e de conflito promovidas tanto por alguns Estados como por agentes extremistas – que em nada contribuem para a democracia e para a paz.

 Tenho uma visão muito mais humanista de todos os cantos do mundo

Como é que as suas vivências internacionais podem contribuir para a representação política de Portugal na União Europeia?

Desde logo, o conhecimento e bagagem que trago, politicamente falando, dos últimos anos desta experiência na IUSY, que são enormes. Tenho hoje uma visão muito mais humanista de todos os cantos do mundo, construída com base nos problemas concretos de diferentes sociedades. Isso trará para a candidatura do PS ao Parlamento Europeu uma visão multilateral muito ampla.  

Se defendemos que não só a Europa deve ser um continente de prosperidade para os europeus, mas que a União Europeia também tem de continuar a ser um bloco cimeiro na liderança e na governança global, isso só se faz, primeiro, com esse entendimento do mundo, mas também levando os valores que o partido tem defendido ao longo dos anos.

Coletivamente, tenho a certeza que saberemos continuar a priorizar a nossa luta diária, seja em Portugal, seja na União Europeia, seja nas Nações Unidas.

O objetivo final no seio do Parlamento Europeu e da União Europeia tem de ser construir uma Europa de paz

Tendo em conta o contexto internacional hoje em dia, em que temos uma guerra na Ucrânia e há um conflito no Médio Oriente, acha que o papel que pode ter como eurodeputado pode fazer diferença dentro do próprio país, em áreas como a Defesa? Há, agora, uma ainda maior responsabilidade associada?

Primeiro de tudo, neste momento estamos a disputar umas eleições, portanto todos os candidatos têm de ter especial atenção sobre qual é o seu contributo, tanto do ponto de vista individual, mas também coletivo, para o projeto da União Europeia. E, nesse sentido, tanto eu como o PS, temos uma visão muito clara e muito sólida sobre o nosso papel nas instituições europeias. 

O objetivo final no seio do Parlamento Europeu e da União Europeia tem de ser construir uma Europa de paz, seja através dos instrumentos de cooperação, seja através dos instrumentos de defesa e da política externa comum. 

Isso significa também que, além de ser um pilar de paz, de promoção de paz através de acordos sociais, de diplomacia externa, com outros blocos do mundo, a União Europeia tem de ser também para si, dentro e fora, estrategicamente autónoma, firme e determinada dos valores da paz, da democracia e do respeito pela integridade territorial e soberania dos povos.

Não podemos mesmo deixar nas mãos de outros as decisões que precisamos para as nossas vidas

Acha que as pessoas ainda não estão consciencializadas para a importância das Europeias? Como é que se muda isto?

Sim. Aliás, os dados mostram que há uma menor participação dos portugueses nas eleições Europeias. Isso muda-se, desde logo, se não se disser que há um Portugal e uma Europa. Portugal e Europa são o mesmo.

A maioria da legislação que verte para os parlamentos nacionais é, em primeira instância, decidida, dialogada e consertada no âmbito do Parlamento Europeu.

Dou um exemplo muito simples. Antes falávamos no combate à pobreza energética – do frio na casa dos portugueses -, do frio que era sentido, por exemplo, por maus indicadores de construção nas décadas anteriores e logo após o 25 de Abril. E, hoje, temos um panorama completamente diferente. Há uma eficiência energética que veio, desde logo, de uma diretiva europeia que determinou que fatores de eficiência energética fossem considerados aquando da construção.

Como esta legislação, há todo um outro conjunto de legislações europeias que influi diretamente nas nossas vidas, na vida dos portugueses.

Quando falamos em aumentar o interesse pela União Europeia, aumentar o interesse pela participação nas eleições ao Parlamento Europeu, os portugueses devem ter em conta que precisamos de decidir o futuro que queremos da União Europeia como decidimos em Portugal.

É importante transmitir que o voto será decisivo na construção das novas políticas públicas, que determinarão a Europa que queremos – uma Europa de paz, como todos concordamos que precisamos.

Além disso, nestas eleições será possível votar em todo o país no dia 9 de junho, independentemente do círculo eleitoral onde as pessoas estejam inscritas para as votações nacionais. 

Se precisamos de uma Europa progressista do ponto de vista dos valores mas, ao mesmo tempo, energeticamente segura e capaz de responder à instabilidade mundial, garantindo estabilidade aos europeus e aos portugueses, não podemos mesmo deixar nas mãos de outros as decisões que precisamos para as nossas vidas.

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