Depois de umas legislativas mais participadas, o efeito mobilizador parece ter-se estendido também aos partidos. Se já durante a campanha, o Bloco de Esquerda tinha sinalizado o aumento na procura, esta foi quantificada na Resolução da Mesa Nacional de 16 de março, que dá conta de “mais de 1500” pedidos de adesão durante o período eleitoral e semana subsequente. Os contactos “a um ritmo sem precedentes na história do partido” continuaram e, cinco semanas volvidas, o BE disse ao Expresso que está a processar cerca de mil pedidos que chegaram após as eleições.

E não é o único. O Livre dá conta de um “aumento significativo” e o PCP reporta que “houve múltiplos contactos no sentido de aderir”, embora nenhum dos partidos avance com números concretos. E se o PS não assinala nenhum aumento das filiações e desfiliações e os outros não se pronunciam, o PSD diz que recebeu 668 pedidos de adesão desde as eleições.

O momento político é “propício” para isso e há dois fatores a contribuir, contextualiza o especialista em ciência política, Marco Lisi. Por um lado, a está a “polarização”. A “maior divergência ideológica” entre partidos e a “maior contraposição entre a esquerda e a direita” apela “muitas vezes” ao “lado emocional das pessoas”, mobilizando-as. Por outro, a circulação mais rápida da informação através das novas tecnologias permite um maior envolvimento das pessoas com a política, até entre pessoas que não correspondem ao perfil tradicional de militância. Se antes eram os mais escolarizados que participavam nos partidos, hoje “não é necessariamente assim”.

Transparência: partidos não acompanham o que se passa lá fora

Quando se abordam estes temas, há, contudo, um problema incontornável. “Normalmente os partidos não gostam de revelar dados sobre o seu próprio funcionamento interno”, diz o investigador da Universidade Nova de Lisboa. “Há uma grande desconfiança dos partidos. Têm medo de ter uma má imagem na comunicação social ou em relação a outros partidos e demonstrar fraquezas.”

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