A fatwa emitida contra Salman Rushdie foi um acontecimento tão invulgar que muita gente ainda recorda onde estava quando recebeu a notícia, a 14 de fevereiro de 1989, Dia de São Valentim. O líder político de um país islâmico condenava à morte um escritor de outro país, ordenando a todos os muçulmanos que executassem a sentença se tivessem oportunidade. O motivo era o romance “Os Versículos Satânicos”, publicado no ano anterior, uma história sobre dois imigrantes escrita num registo de realismo mágico e onde constavam referências a passagens apócrifas do Corão, algumas com alusões a Maomé. Clérigos muçulmanos no Reino Unido aproveitaram para desencadear uma tempestade internacional. No Paquistão, durante manifestações contra o livro, seis pessoas foram mortas pelas autoridades. Interrogado sobre a tragédia à saída do funeral de um amigo, o escritor Bruce Chatwin, Rushdie deu uma resposta seca, dizendo essencialmente que o assunto não era com ele. Dias depois surgiu a fatwa.

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