“O poder crescente da China” e a expansão das tecnologias emergentes, incluindo na inteligência artificial, redes 5G e computação quântica, “são fundamentais para impulsionar mudanças na geopolítica mundial”, disse Maria Papageorgiou, uma das autoras do estudo e professora na Universidade de Exeter, no Reino Unido, num comunicado emitido pela instituição.

A análise, publicada na revista Chinese Political Science Review, baseia-se na teoria do “equilíbrio das ameaças”, segundo a qual os Estados consideram os níveis de ameaça externa juntamente com o seu poder interno quando tomam decisões.

“Confrontados com uma ameaça, os Estados, num sistema internacional anárquico, podem equilibrar a ameaça ou alinhar com a fonte da ameaça”, explicou.

Os analistas afirmaram que uma “coligação de equilíbrio” global foi formada pelos Estados Unidos e países aliados, que utilizam sanções, proibições de exportação e a formação de alianças estratégicas para reduzir o alcance da China nas tecnologias emergentes.

O desenvolvimento de tecnologias emergentes, que têm “implicações imprevisíveis” na segurança nacional, “exige uma reavaliação do papel da tecnologia nos assuntos internacionais e do seu impacto no sistema internacional”, escreveu a equipa.

Embora as perceções do poder de um país sejam frequentemente limitadas pela proximidade geográfica, a natureza transfronteiriça dessas tecnologias emergentes torna-as “desimpedidas pelas defesas tradicionais do ar, da terra ou do mar”, lê-se.

De acordo com os autores, entre 2017 e 2023, a posição da China como um “concorrente quase par dos EUA” a nível tecnológico levou Washington a “investir mais do que a China e a restringir o seu acesso a certas tecnologias críticas, novos mercados e recursos necessários para o progresso tecnológico”.

Em 2021, os EUA proibiram investimentos em 59 empresas chinesas no setor dos ‘chips’ semicondutores, incluindo a Huawei. No ano seguinte, entrou em vigor a Lei de Chips e Ciência, que visa impulsionar o investimento na indústria norte-americana de semicondutores.

Outros países “seguiram as pisadas”, referiu o estudo, apontando para o acordo entre EUA, Países Baixos e Japão, em janeiro de 2023, para “travar a venda de algumas máquinas avançadas de fabrico de ‘chips’ e restringir as vendas de semicondutores avançados à China”.

“A aceitação das recomendações políticas dos EUA, que por vezes ocorre após meses de árduas negociações, representa um esforço conjunto dos aliados para impedir a aquisição pela China de tecnologia de ponta em semicondutores, com o objetivo de preservar a sua própria superioridade tecnológica”, escreveu a equipa.

Embora a China ainda esteja atrás dos EUA nas principais tecnologias de IA, este é um setor em que a China “passou a competir com os EUA” e começou a exportar a sua tecnologia, acrescentaram.

“Como resultado, mais de 60 países usam exclusivamente a tecnologia chinesa de vigilância de IA, a maioria dos quais em África e na América Latina”, referiu.

Em 2019, o anúncio de uma parceria conjunta entre os EUA e Singapura no desenvolvimento de IA para segurança nacional “foi uma das primeiras iniciativas de alinhamento estratégico em tecnologias emergentes”, detalharam os analistas.

A China tornou-se dominante na adoção global do 5G, com a Huawei a liderar a implementação global, sendo responsável por 91 contratos comerciais, principalmente com países em desenvolvimento na Ásia.

“Os EUA envolveram-se numa campanha agressiva para convencer os parceiros europeus a banir os fornecedores chineses da rede 5G”, escreveu a equipa.

Os investigadores também apontaram para o Conselho de Comércio e Tecnologia UE-EUA, que sinaliza “uma potencial aliança para combater a expansão da tecnologia chinesa”.

O conselho foi criado em 2021 oara se concentrar nos controlos de exportação e nas preocupações com as tecnologias emergentes.

Leia Também: Elétricos inteligentes. Tecnologia chinesa promete abalar setor automóvel

Compartilhar

Leave A Reply

Exit mobile version