O líder do Chega, André Ventura, falou, este domingo, sobre os ataques a imigrantes que aconteceram na madrugada de sexta-feira no Porto.

Sublinhando que “a violência não pode ter lugar em Portugal”, Ventura apontou, no entanto, que não deveria haver “hipocrisia”.

“Não podemos, porém, ser hipócritas sobre o que se passa – nem ter dois pesos e duas medidas em relação à situação que vivemos atualmente. Há um problema profundo que não sabemos ainda se originou ou não os conflitos relacionados com os ataques no Porto”, referiu.

O líder do Chega sublinhou ainda que “as comunicações não eram neste momento claras em relação à origem dos agressores, às suas motivações e àquilo que levou aos ataques”.

Lembrando que a Polícia de Segurança Pública (PSP) afirmou ontem que era “prematuro falar de ataques racistas ou com motivação racista”, Ventura considerou que havia “um problema sério na Baixa do Porto, denunciado por lojistas e comerciantes, relacionado com alguma criminalidade perpetrada também por imigrantes argelinos e marroquinos”.

“Repito: não sabemos à hora que a que estamos a falar, se nas origens destes ataques ou ajustes de contas, estiveram retaliações relativas a assaltos ou crimes cometidos no passado por estas pessoas ou por outras”, reforçou.

O líder do Chega apontou que o “o problema sério” de que falava dizia respeito à sobrelotação de pessoas a viver nas mesmas casas e à “imigração descontrolada em Portugal”.

Ventura considerou que o primeiro-ministro foi “rápido” a condenar os ataques a “argelinos”, mas que se “manteve em silêncio” em relação a situações de que possam ter atingido os comerciantes da Baixa do Porto “durante os últimos meses”. “É esta hipocrisia que tem de ser denunciada. Todos os crimes de violência – sejam eles contra ou património ou pessoas – devem ser punidos”, referiu.

“A esquizofrenia coletiva ou a paranoia coletiva de que quando há envolvimento de imigrantes devemos parar para o país inteiro para olhar para uma situação completa – ignorando todas as outras que andam à sua volta durante meses ou anos anteriores – mais não é do que o sinal de uma sociedade que não consegue sair do politicamente correto e se deixou de conectar com as pessoas e com a sua realidade. Há um problema de imigração descontrolada em Portugal”, reforçou.

De recordar que, na madrugada de sexta-feira no Porto, a PSP foi alertada cerca da 1h00 para uma agressão no Campo 24 de agosto, a dois imigrantes, por um grupo de quatro ou cinco homens que fugiu antes da chegada dos agentes da Polícia, referiu o porta-voz, indicando que os dois agredidos foram assistidos no Hospital São João.

Cerca de 10 minutos mais tarde, na Rua do Bonfim, 10 imigrantes foram atacados, na habitação onde estavam, por um grupo de 10 homens, munidos com paus e, a PSP ainda não conseguiu confirmar, por uma arma de fogo, referiu a mesma fonte.

Ainda segundo o responsável da PSP, cerca das 3h00, na Rua Fernandes Tomás, outro imigrante foi também agredido, por outros suspeitos, sendo que um deles usava uma arma de fogo.

Nesta altura, com o contingente de polícias reforçado foi possível intercetar um dos suspeitos de agressão na Rua Santo Ildefonso, na posse de um bastão extensível, relatou.

Cerca das 5h00, foi intercetada a viatura usada no ataque da 1h00, com cinco suspeitos no interior e que foram todos identificados, acrescentou.

Dada a suspeita de existência de crime de ódio, o assunto transitou para a Polícia Judiciária.

[Notícia atualizada às 16h06]

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