Moradores da aldeia de Alaca, província moçambicana de Cabo Delgado, encontraram três corpos em avançado estado de decomposição, disseram esta quinta-feira à Lusa fontes da comunidade local, admitindo serem vítimas dos insurgentes que operam na região.

Os corpos foram encontrados naquela área do distrito de Chiùre, no sul da província, por um grupo de dez mulheres que na terça-feira foi à procura de lenha a quase dez quilómetros da aldeia, num local utilizado para rituais tradicionais da comunidade.

“Ficámos assustadas quando vimos os corpos. Todos os ossos estavam desfeitos, o cheiro era bem forte”, disse uma mulher que integrou o grupo.

Após a descoberta, as mulheres desistiram de cortar a lenha e regressaram à aldeia para informarem as autoridades locais e populares, que se deslocaram ao local para sepultar os corpos.

“Já foram enterrados, mas é triste. Chiùre já não é o mesmo de ontem”, disse um representante da autoridade local.

A população suspeita que os corpos sejam de pessoas das comunidades vizinhas mortas por grupos de insurgentes.

“Do jeito que vi, não são pessoas da nossa comunidade, podem ser mortos pelos terroristas, já que Chiùre virou o epicentro”, lamentou a fonte.

Chiùre, que fica localizado a quase 150 quilómetros da cidade de Pemba, capital da província, é uma área na qual os terroristas começaram a intensificar os ataques em fevereiro, provocando dezenas de milhares de deslocados.

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, enfrenta desde outubro de 2017 uma insurgência armada com ataques reclamados por grupos associados ao Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projetos de gás natural.

Depois de vários meses de relativa acalmia nos distritos afetados, a província de Cabo Delgado tem registado, desde há alguns meses, novas movimentações e ataques de grupos rebeldes.

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