Numa análise aos programas dos principais partidos, a Lusa constatou que, na área do ambiente, os programas das coligações CDU e AD são mais generalistas e que o Bloco de Esquerda, o Livre e, sobretudo, o PAN apresentam programas mais minuciosos e com propostas mais concretas.

O PS apresenta propostas que na maior parte dos casos são de continuidade em relação ao programa do governo cessante, o Chega apresenta também propostas concretas e dá muito destaque ao bem-estar animal e a Iniciativa Liberal centra-se mais na economia e na energia.

Um dos principais pontos de convergência é a necessidade de redução das emissões de gases com efeito de estufa e o setor da energia e a pobreza energética aparecem em todos os programas, com o Chega a defender a energia nuclear, considerando que “pode representar para Portugal uma viragem paradigmática” na forma como se encaram os desafios energéticos. Aceitar a energia nuclear, diz o partido, é alinhar o país com uma “visão de futuro”. A Iniciativa Liberal (IL) e o Livre admitem-na também mas são mais vagos.

Enquanto a CDU aposta numa “utilização racional da energia”, o Bloco de Esquerda quer energia renovável mas sem megaprojetos, preferindo o “solar descentralizado” (oito gigawatts de potência até 2030), e promete, como a IL e o Livre, a descida do IVA da eletricidade e do gás para 6%. O Chega advoga também a redução de impostos. Nesta área a IL também defende que se acelere o licenciamento do autoconsumo e das comunidades de energias renováveis.

Com o objetivo de atingir até 2040 a neutralidade carbónica e que até 2035 toda a eletricidade provenha de fontes renováveis, o PAN defende a produção descentralizada de energias renováveis, alcançando 55% da produção de energia elétrica em unidades de pequena produção e autoconsumo local até 2050, e a avaliação do potencial energético da geotermia. O partido quer também a remoção de barragens e impedir a concessão de licenças para a exploração de lítio e outros minerais em “áreas de elevado valor natural”, bem como centrais fotovoltaicas e outras fontes de renováveis em áreas protegidas. 

A meta do Livre para as energias renováveis é mais ambiciosa – 100% da eletricidade consumida em 2030. O partido é contra novas barragens e quer uma empresa pública para promoção das renováveis e promoção de uma rede de transportes públicos sustentável.

O PS propõe mobilizar 60 mil milhões de euros até 2030 para o setor, onde prevê criar 200 mil postos de trabalho até 2030 e criar a área da agroenergia e combater a pobreza energética baixando também impostos.

A AD quer também o aumento das energias renováveis e reduzir os custos da energia, seja dos consumidores seja da industria, além de “reduzir substancialmente a pobreza energética e o número de edifícios com baixas classificações energéticas e promover a eficiência energética”.

Aposta nomeadamente na produção de energia ‘offshore’, nos gases renováveis e na biomassa.

A luta contra a pobreza energética é prometida na generalidade dos programas, sendo também comum a todos a aposta em meios de transporte mais sustentáveis, nomeadamente expandindo a ferrovia, assunto em que o Bloco de Esquerda apresenta uma grande quantidade de propostas. Como outros partidos, o PS por exemplo, quer uma terceira travessia do Tejo em Lisboa só para comboios, e quer transportes públicos mais modernos, mais baratos e mais abrangentes.

O PAN, o Livre e o PS apresentam dezenas de propostas sobre redução do número de automóveis e mais e melhores comboios. O Livre defende que nenhuma viagem de avião seja mais barata que o comboio na mesma distancia.

Os socialistas colocam grande ênfase também na promoção dos veículos elétricos, na redução de emissões de gases, na descarbonização das cidades, e na intermodalidade da bicicleta com os transportes públicos, uma aposta também da IL e do PAN, que pretende integrar o acesso aos sistemas de bicicletas partilhadas no âmbito dos passes mensais. 

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