O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, considerou este sábado, num discurso em Almada, que o “não é não” do líder do PSD, Luís Montenegro, em relação ao Chega “não existe” para o líder parlamentar social-democrata, Hugo Soares.

“Na oposição já fizemos mais do que eles no Governo”, disse Pedro Nuno, salientando que os partidos têm o “direito de apresentar propostas e lutar para que sejam aprovadas” — e que é precisamente isso que o seu partido está a fazer, dando como exemplo o fim do pagamento de portagens, viabilizado na generalidade no parlamento na quinta-feira.

O secretário-geral disse que o PS não se vai deixar anular nem aprisionar, indicou que os socialistas apresentarão “muito mais” iniciativas no parlamento e voltou a rejeitar “alianças com a extrema-direita”.

“Agora, não deixamos de apresentar as propostas em que acreditamos porque há outros partidos que vão votar a favor delas, era o que faltava”, salientou.

O líder do PS falava nas comemorações do 50.° aniversário da Juventude Socialista (JS), que decorreu no concelho de Almada (distrito de Setúbal).

Indicando que, na última legislatura, o PSD votou ao lado do Chega “300 e tal vezes” e que “ainda ontem [sexta-feira] o líder parlamentar do PSD lá veio assumir que negociou com o Chega”, Pedro Nuno Santos salientou que “quem está a negociar com o Chega é o PSD”. “Aliás, a história do ‘não é não’ não existe, pelo menos para Hugo Soares, porque ele foi negociar”, defendeu o líder da oposição

Lembremos que esta foi a semana em que a proposta do PSD e CDS para a redução gradual das portagens nas ex-Scut foi rejeitada, e aprovada, em vez dessa, a proposta do PS que trará o fim das mesmas — e que Chega viabilizou. Hugo Soares explicou, no “Expresso da Meia Noite”, o que aconteceu para se ter dado um rompimento à direita. “O Partido Socialista queria abolir as portagens. O meu juízo de valor é que isso é hipocrisia política. Eu tinha uma posição diferente, que era reduzir significativamente as portagens. E fui procurar entendimentos. Falei com o Chega. E o Chega entendeu dar entrada de um Projeto de Resolução, acordado comigo, para aproximar as posições. Durou cinco ou seis horas esse entendimento. Porque mudou outra vez a opinião”, lamentou o líder parlamentar.

Pedro Nuno Santos falou também na questão da habitação e admitiu que os últimos governos do PS não conseguiram dar resposta a este problema que classificou como “sério, grave e transversal a toda a Europa”.

O secretário-geral do PS defendeu uma aposta no alargamento do parque público de habitação, defendendo que “essa é a resposta mais importante” que se pode dar, e lamentou que essa não seja “uma prioridade para a direita”.

O líder socialista acusou ainda o Governo de querer “fazer uma coisa que é contraproducente” e que passa por “retirar as restrições numa parte da procura”.

Para Pedro Nuno Santos, isso vai “aumentar a procura, aumentando a pressão, não resolve nenhum problema” e, “muito provavelmente”, agrava-o.

“Nós estaremos cá para mostrar que as políticas deles não produziram os resultados que eles prometeram, agravaram o problema da habitação”, salientou, afirmando que “a direita não tem solução para os salários dos jovens nem para o problema da habitação dos jovens”.

Pedro Nuno considerou também que o Governo PSD/CDS-PP “tem mostrado que não tem solução para nada, a não ser mudar logótipos, não têm soluções para resolver os problemas”.

Na sua intervenção, perante uma sala cheia de jovens, o secretário-geral do PS defendeu que “não há IRS jovem que resolva o problema das remunerações baixas” desta parcela da população e considerou que as propostas da direita para baixar impostos “beneficiam sempre muito mais quem recebe mais”.

Dizendo ser necessário “uma economia mais modernizada, que produza mais valor acrescentado e consiga pagar melhores salários”, Pedro Nuno Santos afirmou ser “um engano achar que se resolve o problema dos salários reduzindo impostos às empresas”.

Numa mensagem divulgada nas redes sociais do partido a propósito das comemorações dos 50 anos da JS, o presidente do PS, Carlos César, considerou que o PS deve contribuir para atenuar as “desigualdades a todos os níveis, das que perduraram e das que emergiram, para reforçar o acesso a bens e serviços essenciais ao bem-estar, à segurança e à liberdade de escolhas, ou, por exemplo, para prevenir as excecionalidades geradas com a crise climática”.

“Estivemos no governo e fizemos por isso. Estamos, por enquanto, na oposição, mas devemos continuar a fazê-lo sem perder a racionalidade, mas com o maior vigor”, salientou.

O presidente do PS defendeu também que hoje em dia “ainda é necessário cuidar para não voltarmos a formas reprimidas do passado, que hoje se acobertam na programação dissimulada de movimentos políticos e forças partidárias enganadoras”.

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