Os partidos mais à esquerda do PS dizem que as declarações de Passos são falsas e falam numa aproximação ao Chega. Passos já não é primeiro-ministro desde 2015 e está afastado da política há anos, mas no arranque da campanha para as eleições ninguém ficou indiferente ao seu regresso.
O regresso de Passos Coelho aos holofotes mediáticos está a dar que falar. As reações dos partidos às declarações do ex-primeiro-ministro e antigo presidente do PSD Pedro Passos Coelho, nomeadamente sobre imigração, marcaram o terceiro dia de campanha eleitoral, com fortes críticas da esquerda.
“Lembro-me de uma intervenção em 2016, no Pontal, em que disse que precisamos ter um país aberto à imigração, mas cuidado precisamos ter também um país seguro. O Governo fez ouvido moucos disso. Na verdade, hoje as pessoas sentem uma insegurança que é resultado falta de investimento”, disse Passos Coelho.
Um relatório do ano passado da APAV e Intercampus, com base em 600 entrevistas, revela que o sentimento de insegurança aumentou ligeiramente em comparação com o anterior inquérito, de 2017. Mas este inquérito nunca faz referência a imigrantes.
Este sentimento de insegurança não corresponde a dados concretos sobre a criminalidade registada pelas autoridades. Se formos olhar para os dados mais recentes, de 2022, verifica-se que a criminalidade violenta até diminuiu nos últimos anos.
Noutra dimensão, um estudo do ICS e ISCTE para a SIC e o Expresso, feito em fevereiro, revela que a maioria dos portugueses discorda do aumento de imigrantes em Portugal.
À pergunta “Em que medida Portugal deve deixar que pessoas dos países mais pobres fora da Europa venham e fiquem a viver cá?” 55% dos inquiridos
mostra reservas a esse cenário.
Depois de Passos Coelho ter trazido o tema para a campanha, Luís Montenegro não teve como evitar o assunto:
“A imigração é desafio, é indispensável haver regulamentação e não ter uma política de portas escancaradas, mas fundamental ter boas políticas integração e acolhimento”.
André Ventura ouviu com atenção o discurso de Passos e deixou recados ao líder do PSD.
“Passos Coelho terá ido apoiar Luís Montenegro ou dado um estalo na cara?”. .
Nos Açores, o líder socialista preferiu não comentar as declarações em concreto e lembrou os tempos da austeridade.
Os partidos mais à esquerda do PS dizem que as declarações de Passos são falsas e falam numa aproximação ao Chega. Passos já não é primeiro-ministro desde 2015 e está afastado da política há anos, mas no arranque da campanha para as eleições de 10 de março ninguém ficou indiferente ao seu regresso.