Em declarações à agência Lusa, Carlos Almeida, do Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz do Médio Oriente (MPPM), informou que a ação de maio será organizada pelas mesmas quatro entidades promotoras da marcha de hoje em Lisboa, que se prolongou por mais de duas horas e “juntou vários milhares” de pessoas.

Fonte oficial do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa escusou-se, contudo, a quantificar os participantes da marcha entre a embaixada de Israel e a Assembleia da República.

A nova ação em maio, também em Lisboa, agendada pela central sindical CGTP, o CPPE — Conselho Português para a Paz e Cooperação, o MPPM e o Projeto Ruído, irá decorrer quando passam dois anos sobre a morte da jornalista palestino-americana do canal Al Jazeera, atingida por tiros das Forças de Defesa Israelitas, na Cisjordânia, segundo as informações transmitidas pelas Nações Unidas em junho de 2022.

Além disso, recordou Carlos Almeida, em 15 de maio também se assinala o “Nakba”, termo árabe que significa “Catástrofe”, o dia seguinte, em 1948, à proclamação da independência de Israel e data de início dos conflitos israelo-palestinianos.

Carlos Almeida falava à Lusa no final da ação que decorreu hoje, com início junto à embaixada de Israel, onde os participantes se começaram a juntar antes das 15:00.

Cerca de 30 minutos mais tarde iniciou-se a marcha até à Assembleia da República, com palavras de ordem como “Paz Sim, Guerra Não” ou “É preciso, é urgente, cessar-fogo permanente”, numa manifestação ‘vestida’ por cartazes e faixas com críticas à guerra e a Israel, assim como por bandeiras da Palestina, das entidades organizadoras e por muitos keffiyeh, lenços que são símbolo da luta palestiniana.

A meio do percurso, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, aplaudiu a marcha e declarou que a “paz precisa de facto de mais do que estes gestos”, embora admitindo que “estes gestos são fundamentais”.

“Não podemos deixar de ter em conta que amanhã [domingo] assinalam seis meses do massacre, do genocídio que está em curso. Seis meses que parecem 40 anos”, afirmou o líder comunista aos jornalistas, sublinhando a necessidade de fazer uma “coisa tão simples que é cumprir as resoluções das Nações Unidas”.

Paulo Raimundo notou ainda a importância de sinais políticos, argumentando que o novo Governo, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, deve assumir “o seu papel desde logo na clarificação de qual é que vai ser o seu posicionamento face a este genocídio” e qual dos lados da guerra irá apoiar.

Outro sinal de “grande importância”, acrescentou, “é de uma vez por todas, o Estado português reconhecer o Estado palestiniano”.

A este propósito Paulo Raimundo recordou que o PCP já voltou a apresentar, depois de o ter feito em 2011, uma iniciativa nesse sentido.

O secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, colocou também a tónica na “necessidade de denunciar o autêntico genocídio que Israel está a cometer contra o povo da Palestina, que é massacrado há mais de 70 anos”.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que provocou mais de 33.000 mortos, segundo o Hamas, que governa o pequeno enclave palestiniano desde 2007.

A retaliação israelita está a provocar uma grave crise humanitária em Gaza, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que já está a fazer vítimas – “o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

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