À saída da projeção de “Hors du temps”, chegaram aos ouvidos vozes indignadas com o novo filme de Olivier Assayas. Que era narcisista, egocêntico, autocondescendente… Foi esta a toada. De tudo isso terá “Hors du temps” certamente um pouco. O cineasta pôs-se a jeito e, entretanto, confessou que pensou duas vezes antes de se expôr desta maneira.

“Hors du temps” é a reencenação de uma doce pandemia, a que o cineasta francês passou com o seu irmão e namoradas respetivas numa casa campestre da família, onde o filme, de resto, foi rodado. Assayas convidou Vincent Macaigne para interpretar o seu alter-ego (que no filme se chama Paul), Micha Lescot faz o irmão, Michka Assayas (é um bem conhecido crítico de música pop em França, que aqui dá pelo nome de Étienne), Nine d’Urso e Nora Hamzawi são as respetivas companheiras.

O confinamento, esse, já se percebeu que foi privilegiado (Assayas descende de uma família da burguesia intelectual com origens greco-judias e húngaras), em casa frondosa, ajardinada, rodeada de florestas e árvores centenárias, court de ténis na vizinhança para manter a forma, na Vallée de Chevreuse, Essone, a sul de Paris – roa-se de inveja quem a tiver. Olivier começou a escrever esta obra a partir de sketches alinhavados por acaso, à medida que as coisas da vida iam acontecendo, em jeito de autoficção.

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