“Infelizmente, neste momento, o tópico do apoio à Ucrânia tornou-se uma moeda de troca para governos em todo o mundo”, afirmou Chernov, segurando na mão direita a estatueta que recebeu no Dolby Theatre. “Espero lembrar a todos com o nosso filme que esta é uma catástrofe humanitária e não uma questão política.”

Mostrando-se sóbrio e sem sorrir, Chernov referiu que a cerimónia coincidiu com o aniversário do ataque à maternidade de Mariupol, considerando que esse se tornou “um símbolo da invasão e dos crimes de guerra” cometidos pela Rússia. 

Este foi o primeiro Óscar da Ucrânia e Chernov disse sentir-se honrado pela distinção, numa altura em que a arte no país está em suspenso e sob ataques contínuos. 

“Muitos cineastas ucranianos estão nas trincheiras a lutar pelo seu país, por isso não podem fazer filmes”, afirmou. “Não conseguem processar ainda o que está a acontecer à nossa História, ao nosso povo”. 

O Óscar de Melhor Documentário poderá levar esta história a mais pessoas e garantir que há um registo fidedigno do que está a acontecer, considerou ainda o realizador. 

“Mariupol para nós nunca representou apenas Mariupol. Representou todas as cidades que foram destruídas”, disse Chernov. 

O realizador, que respondia a perguntas dos jornalistas na sala de entrevistas dos Óscares, disse também que a sua tarefa não é convencer políticos ou governos de nada, mas sim de dar contexto e informações para que tomem as suas decisões. 

“As gerações futuras vão olhar para o que nos está a acontecer”, afirmou. 

Chernov mostrou-se dividido, com presença física em Hollywood e o coração na Ucrânia. 

“É uma honra lembrar ao mundo a importância de pensar em como parar esta invasão”, disse. “Tem sido um privilégio mas também uma experiência estranha e dolorosa”. 

A 96.ª edição dos Óscares decorreu esta madrugada no Dolby Theatre, em Hollywood. 

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