No final das alegações finais, que decorreram durante todo o dia no Tribunal de S. João Novo, no Porto, um dos principais arguidos, Renato Gonçalves, pediu para falar e pediu desculpa à família da vítima, Igor Silva, e aos arguidos “que não tiveram nada a ver com isto”.

Igor Silva foi morto com 18 facadas durante os festejos da conquista do titulo de campeão nacional de futebol pelo FC Porto, estando a ser julgados 11 arguidos sobre os acontecimentos na Alameda do Estádio do Dragão, sete dos quais por homicídio.

Nas alegações finais, o Ministério Público (MP), a procuradora Adriana Faria pediu “pena máxima” (25 anos de prisão) para Marco Gonçalves, Renato Gonçalves e Paulo Cardoso (pai, filho e tio) e uma “pena próxima da máxima” para Diogo Meireles, os quatro principais arguidos no caso da morte de Igor Silva.

Para os restantes arguidos acusados daquele crime (Miguel Pereira, Rui Costa e Sérgio Machado), o MP pediu “penas exemplares”, e penas de prisão efetiva para os restantes, a mãe e irmã de Renato Gonçalves e uma amiga destas, acusadas de ofensas à integridade física de uma jovem.

A advogada da irmã e da mãe de Renato repudiou a pretensão do Ministério Público que pediu penas de prisão efetiva para ambas e também para Cassandra, a amiga.

“A Marisa e a Iara se não fossem mulher e filha do Marco nem eram arguidas neste processo. Condenadas a uma pena efetiva para duas pessoas por ofensas? São agravadas pelo resultado? Não seria justiça”, defendeu Poliana Ribeiro, sendo que a advogada de Cassandra seguiu o mesmo raciocínio quanto à não participação da sua cliente nos acontecimentos daquela noite.

Quanto ao arguido Miguel Pereira, a advogado descredibilizou o depoimento das testemunhas que o ligavam aos factos, salientando que “ninguém podia adivinhar que o Igor ia estar” nos festejos do título naquele local e que “não podem ser condenado por subir e descer escadas a correr”.

Para o advogado de Sérgio Machado “nenhuma testemunha” apontou este arguido como autor de qualquer facada ou conseguiu esclarecer sem dúvidas o envolvimento do seu cliente nos factos daquela noite, pelo que Ricardo Pinto pediu a absolvição deste arguido.

Quanto ao arguido Rui Costa, a advogada Luísa Macanjo salientou que este não aparece em “nenhuma imagem” ligada aos factos, defendendo que não pode ser “culpado pelo que não fez”.

Momentos antes, os advogados de Renato e Marco Gonçalves admitiram que os seus clientes “agiram mal”, mas condenaram o “julgamento em praça pública” de que dizem terem sido os arguidos alvo, salientado que o objetivo do MP “é apenas condenar e não descobrir a verdade”.

Poliana Ribeiro, que representou também Marco Gonçalves, salientou que “ainda antes de o julgamento começar” já o seu cliente estava condenado.

“O Marco tem que ser culpado. Antes de ser julgado, o Marco já era culpado, o Marco tem que ser culpado ou ninguém vai entender isto”, disse.

A leitura do acórdão está marcada para 07 de maio.

A 08 de maio de 2022, cerca das 02:00, durante os festejos do título de campeão nacional de futebol conquistado pelo FC Porto, alguns dos arguidos envolveram-se numa acesa troca de palavras com a vítima mortal, junto ao Estádio do Dragão, sustenta.

Acrescenta ainda a acusação que, motivados por um desejo de vingança, alguns dos suspeitos perseguiram, manietaram e agrediram Igor Silva com o propósito de lhe tirar a vida, agredindo-o a socos, murros e pontapés e usando uma faca com uma lâmina de cerca de 15 a 20 centímetros.

Nessa sequência, a vítima mortal foi esfaqueada várias vezes em diferentes partes do corpo e, apesar de ainda ter sido transportada para o Centro Hospitalar Universitário de São João, no Porto, acabou por morrer, refere.

[Notícia atualizada às 19h32]

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