O primeiro-ministro, Luís Montenegro, recusou este domingo pronunciar-se sobre a questão da reparação pelo passado colonial português e disse que ouviu com tranquilidade as apreciações do Presidente da República a seu respeito.
À entrada para o encerramento da Universidade Europa, na Cúria (Aveiro), Montenegro voltou a remeter para o comunicado do Governo mais esclarecimentos sobre o tema das reparações, quando questionado se o Presidente da República criou um problema ao Executivo.
“Há um comunicado que diz tudo o que é a posição do Governo”, afirmou.
O primeiro-ministro foi ainda questionado se a comunicação social não o irá ouvir sobre declarações de Marcelo Rebelo de Sousa a seu respeito. “Nem é suposto ouvirem”, disse.
Mais à frente, perante a insistência sobre como recebeu estas declarações, respondeu apenas: “Com muita normalidade e tranquilidade”.
Num encontro com jornalistas correspondentes, Marcelo Rebelo de Sousa associou Luís Montenegro a características rurais, ao afirmar que o primeiro-ministro “vem de um país profundo, urbano-rural, urbano com comportamentos rurais”.
Antes, à margem da cerimónia de colocação da primeira pedra do Parque da Cidade de Esposende, Montenegro também tinha optado por não responder ao tema da reparação às ex-colónias.
Sobre a pretensão do presidente da Assembleia da República de ouvir a procuradora-geral da República, Montenegro disse apenas que “esse é um assunto do parlamento”.
Em comunicado divulgado no sábado o Governo afirmou que “não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com o propósito” de reparação pelo passado colonial português e defendeu que se pautará “pela mesma linha” de executivos anteriores.
“A propósito da questão da reparação a esses Estados e aos seus povos pelo passado colonial do Estado português, importa sublinhar que o Governo atual se pauta pela mesma linha dos Governos anteriores. Não esteve e não está em causa nenhum processo ou programa de ações específicas com esse propósito”, refere o comunicado.
Sexta-feira, o Presidente da República defendeu que Portugal deve liderar o processo de assumir e reparar as consequências do período do colonialismo e sugeriu como exemplo o perdão de dívidas, cooperação e financiamento, que já vêm sendo estabelecidas, disse.