“Nós lutamos para a democracia, lutámos quando ainda éramos jovens e chegamos a esta altura a defender a democracia”, disse Ossufo Momade, em declarações aos jornalistas, hoje em Maputo.

A Renamo, que se reúne em congresso eletivo entre os dias 15 e 16 na Zambézia, centro de Moçambique, é liderada por Ossufo Momade desde a morte do líder histórico Afonso Dhlakama (2018), tendo o mandato dos atuais órgãos expirado em 17 de janeiro passado.

“Eu quero cumprir com aquilo que eu não fiz neste mandato. Para dizer que terei de concorrer, vou apresentar o meu manifesto eleitoral e a decisão será dos membros que vão estar no congresso”, afirmou Momade, assumindo que “um número maior” de candidaturas à presidência “é bem-vindo”.

Pelo menos outros seis membros da Renamo apresentaram até ao início da tarde de hoje as suas candidaturas a presidente daquela formação política.

Venâncio Mondlane, deputado e cabeça de lista por Maputo nas últimas eleições autárquicas, Ivone Soares, deputada e antiga chefe de bancada parlamentar, Alfredo Magumisse, membro da comissão política, Elias Dhlakama, irmão do histórico líder da Renamo (Afonso Dhlakama), André Magibire, antigo secretário-geral, e Anselmo Vitor, chefe do departamento de formação, apresentaram as suas candidaturas na sede nacional.

O Conselho Nacional da Renamo aprovou em abril o perfil do candidato do partido para as eleições presidenciais de outubro, exigindo, entre os requisitos, 15 anos de militância ininterrupta aos candidatos.

Venâncio Mondlane apresentou, na sequência, uma providência cautelar ao Conselho Constitucional (CC) exigindo a anulação deste perfil, assunto que, segundo o próprio, ainda não teve desfecho.

“O CC não reprovou o pedido (…) O CC achou que não havia condições para tomar uma decisão sem que tivesse fisicamente a deliberação do Conselho Nacional da Renamo. Mas mesmo vocês, que são jornalistas, não tiveram acesso a essa deliberação, porque não foi partilhada com os membros, mas este é um assunto que está em aberto. Desde que o partido partilhe com os seus membros a deliberação, nós vamos submeter um recurso”, declarou Venâncio Mondlane, momentos após submeter os seus documentos na sede da Renamo.

Para Mondlane, “o congresso é soberano” e tomará “a última decisão”.

“Eu creio que, em função de todo o debate que foi feito, o congresso tem elementos para admitir não só a minha candidatura, mas também de todos que apresentaram os seus documentos”, frisou.

O líder atual do partido tem sido externa e internamente criticado devido a alegada inércia face a supostas irregularidades nas eleições autárquicas moçambicanas de outubro passado, sendo também acusado de negligência face à situação dos guerrilheiros do partido desmobilizados à luz do acordo de paz com o Governo.

Entre os membros que submeteram hoje as suas candidaturas, é comum o discurso sobre a coesão interna do partido.

“A liderança da Renamo não está a corresponder às ansiedades dos membros, da sociedade e do mundo todo e isto não é segredo, fala-se em qualquer canto”, observou Manuel Bissopo, mandatário de Elias Dhlakama, momentos após submeter os documentos.

“Todas as organizações têm as suas questões internas, então, seja lá o que for, nós quando tomarmos a liderança do partido vamos resolver, vamos trazer mais coesão dentro do partido”, disse André Magibire, falando também à comunicação social após submeter os seus documentos.

“O presidente Ossufo tem sido severamente contestado, acusado de não construir a coesão interna”, acrescentou o candidato Alfredo Magumisse.

Moçambique realiza em 09 de outubro eleições gerais, incluindo presidenciais.

Leia Também: Renamo apoia defesa do dono do barco em que morreram 98 pessoas

Compartilhar

Leave A Reply

Exit mobile version