José Manuel Fernandes falava na 13.ª edição da Universidade Europa, uma iniciativa de formação política que reúne cerca de 70 jovens na Cúria (Aveiro), contando hoje no encerramento com intervenções do primeiro-ministro e líder do PSD, Luís Montenegro, e do cabeça de lista às europeias da AD (coligação que juntará PSD, CDS-PP e PPM), Sebastião Bugalho.

O ex-eurodeputado e antigo coordenador do PPE da Comissão dos Orçamentos, numa aula sobre “Quem paga a UE?”, referiu que Portugal tem à sua disposição no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) cerca de 22,2 mil milhões de euros, mas poderia ter tido 30,5 mil milhões de euros, se tivesse esgotado a totalidade da vertente dos empréstimos.

“Portugal não quis e fica aqui uma frustração (…) A Espanha quis os recursos todos e está a utilizá-los para o objetivo do armazenamento eficiente da água”, exemplificou, considerando que “Portugal perdeu uma oportunidade de usar estes 8,3 mil milhões de euros e agora não pode voltar atrás”.

José Manuel Fernandes admitiu que estes empréstimos representam mais dúvida, mas o prazo de pagamento era de 30 anos e taxa de juro “muitíssimo baixa”.

“Porque é que desperdiçámos estes recursos? Porque é que o Portugal 2030 está com taxa execução próxima do zero? Porque o governo anterior não soube planear, não soube ouvir as autarquias, as CCDR”, lamentou, considerando que poderia ter usado estes fundos quer na gestão da água quer na capitalização das empresas.

Na área da agricultura, o ministro reiterou as críticas ao executivo anterior, que considerou ter deixado “uma herança pesadíssima”, dizendo que há 1.050 milhões de euros que, até 2025, têm de chegar ao terreno e ser pagos.

“Não podemos perder um cêntimo (…) O governo socialista anterior, fruto da sua incompetência, fruto do seu desleixo, não avançou rapidamente para a execução de todos destes fundos que são cruciais para Portugal”, disse, lembrando que o país é o Estado-membro que mais depende dos fundos para o investimento público.

“Têm de ser para criar valor, para criar riqueza, não pode ser para substituir o Orçamento do Estado”, criticou.

Na sua intervenção, o ministro aproveitou para defender os agricultores, considerando que é inaceitável “o ataque constante que se lhes está a fazer” e que são eles “quem melhor defende o ambiente”.

“Porque é que houve a revolta dos agricultores? Porque têm sido desconsiderados, muitas vezes são apresentados como se fossem uns vilões e uns inimigos do ambiente, porque se lhes pede exigências em termos ambientais e não se dá recursos, porque há um radicalismo verde que impede que se atinjam os objetivos climáticos”, disse.

O ministro da Agricultura defendeu que, para se atingirem estes objetivos, “para além de falar verdade às pessoas” é preciso ser gradualista, e não radical.

“Os agricultores são os primeiros interessados no ambiente e em que solos estejam em bom estado”, disse, considerando que esta “revolta tem de ser ouvida e compreendida”.

No sábado, na mesma iniciativa de formação política do PSD, a ministra do Ambiente e Energia, Graça Carvalho, defendeu que a agricultura pode ter menos impacto ambiental se usar “todo o conhecimento científico disponível”.

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