A conclusão é o destaque do Relatório Mundial sobre a Migração de 2024, hoje lançado pela organização, que sublinha que as remessas já ultrapassam o investimento direto estrangeiro nos países de baixo e médio rendimento.

Lançado pela primeira vez fora de Genebra, Suíça, o documento anual da OIM sublinha que o valor das remessas de migrantes tem continuado a crescer “apesar das previsões de muitos analistas de que diminuiriam substancialmente devido à Covid-19”.

Do dinheiro total enviado pelos migrantes para casa, cerca de 600 mil milhões de euros foram recebidos por países de baixo e médio rendimento, constituindo “um motor do desenvolvimento humano”, aponta a OIM, explicando que o valor é “uma parte significativa do PIB [Produto Interno Bruto] desses países”.

A agência das Nações Unidas para as migrações lembra ainda que estes são valores compilados pelo Banco Mundial, pelo que não incluem o dinheiro enviado por canais informais.

O total real das remessas de migrantes deve ser muito mais alto, estima a OIM.

No relatório anual, a agência refere que as remessas internacionais recuperaram da queda registada em 2020, devido à pandemia da Covid-19, passando de 665 mil milhões de euros em 2020 para 734 mil milhões em 2021 e crescendo mais de 5% em 2022, para os 771 mil milhões de euros.

A subida anual nos países de baixo e médio rendimento foi superior a esta média, atingindo os 8% e somando, em 2022, 600 mil milhões de euros.

No ano 2022, o último de que há dados completos, a Índia, o México, a China, as Filipinas e a França foram os cinco principais países destinatários de remessas.

Os valores enviados para a Índia são muito superiores aos restantes países da lista, tendo recebido 104 mil milhões de euros enviados pelos emigrantes, tendo sido o primeiro país a ultrapassar a fasquia dos 100 mil milhões de dólares (93 mil milhões de euros).

De acordo com o relatório da OIM, o México foi o segundo maior destinatário de remessas em 2022 (56 mil milhões de euros), posição que também ocupou em 2021, depois de ultrapassar a China, que era, historicamente, o segundo maior destinatário do dinheiro enviado por migrantes.

Dois países do G7 (grupo dos sete Estados mais industrializados do mundo) — a França e a Alemanha — mantiveram-se entre os 10 principais países recetores de remessas a nível mundial em 2022, posição que ocupam há mais de uma década.

Segundo observa a OIM, isto deve-se ao facto de a maioria dos fluxos financeiros para estes países não serem transferências de dinheiro para as famílias dos migrantes, mas sim salários de trabalhadores transfronteiriços que estão em empresas na Suíça mas residem em França ou na Alemanha.

Relativamente aos países de onde os migrantes enviam mais dinheiro, a lista é sempre liderada por Estados de rendimento elevado.

“Durante as últimas décadas, os Estados Unidos da América têm sido consistentemente o país que mais envia remessas para todo o mundo, com uma saída total de 73,5 mil milhões de euros em 2022”, avança a agência da ONU no relatório anual.

O segundo lugar desta lista é ocupado pela Arábia Saudita (36,5 mil milhões de euros), seguida pela Suíça (29,6 mil milhões de euros) e pela Alemanha (23,7 mil milhões de euros).

Os Emirados Árabes Unidos também estão normalmente entre os 10 principais países remetentes a nível mundial, mas os seus dados não foram incluídos na divulgação de dados do Banco Mundial de junho de 2022.

Além de ser um dos principais países de destino de remessas, a China (classificada como um país de rendimento médio-alto pelo Banco Mundial) também constitui uma fonte significativa de fluxos financeiros enviados pelos migrantes.

Os migrantes no país enviaram 17 mil milhões de euros para casa em 2022, valor que, no entanto, representa uma queda em relação a 2021, quando o total somava 21,3 mil milhões de euros.

“Esperamos que o relatório inspire esforços de colaboração para aproveitar o potencial da migração como motor do desenvolvimento humano e da prosperidade global”, afirmou hoje a diretora-geral da OIM, Amy Pope, no lançamento do documento anual.

O relatório de 2024 foi apresentado pela diretora em Daca, capital do Bangladesh, escolha que Amy Pope justificou com o facto de o país ser “campeão no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”.

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