O professor do Instituto Politécnico de Tomar salientou, em declarações à agência Lusa, ser necessário “juntar mais dados” para conseguir calcular a trajetória. Segundo o investigador, o fenómeno foi observado “desde a costa francesa ao sul do Algarve”.

Embora tenha reforçado que é agora necessário cruzar dados, e que esse trabalho não é imediato, acrescentou que membros espanhóis da rede, país onde existe mais equipamento e maior possibilidade de fazer registos com o céu limpo, estimam que do meteoro “não caiu quase nada, ou foi parar ao Atlântico”, segundo os dados preliminares do Instituto de Astrofísica da Andaluzia.

Em Portugal, na câmara de Tomar “o registo é muito bom”, em São Brás de Alportel apenas apanhou “o início do evento” e em Braga e Sesimbra o céu estava nublado e vê-se apenas o clarão, sem imagem.

“Só depois de calcular a trajetória é que a gente pode ter alguma ideia se sobrou algum material e qual é o local de queda, mas isso não é automático”, acentuou o geofísico.

Em Portugal a passagem do “gigantesco bólide”, com “longa duração e longo rasto”, foi observado às 23:46 de sábado.

De acordo com o Instituto de Astrofísica da Andaluzia, em Espanha, organismo com quem o geofísico já conversou, o meteoro entrou na atmosfera a uma velocidade de 161 mil quilómetros por hora.

Segundo a mesma instituição, a altitude inicial da parte luminosa do evento registou-se aos 122 quilómetros e deixou de se ver a uma altitude de 54 quilómetros, mas Rui Gonçalves explicou que isso não é sinónimo que se tenha desintegrado nessa altura.

“Eles podem brilhar até aos 30/40 quilómetros de altitude. Normalmente, daí para baixo não se vê, é o chamado voo escuro. Isso tem de ser calculado, e essa parte é mais difícil de calcular, porque temos de fazer uma série de assunções para calcular o sítio onde podem ter caído as peças”, acrescentou o investigador, em declarações à agência Lusa.

Hoje, também, o investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço e da Universidade de Coimbra Nuno Peixinho afirmou que o meteoro visto na noite de sábado é um fenómeno normal em Portugal, apesar de raro desta dimensão, e habitualmente essas rochas vaporizam-se na atmosfera e “pode não ter caído nada inteiro de tamanho razoável”.

Nuno Peixinho lembrou que existe uma rede de câmaras em Portugal e Espanha, acionadas automaticamente, para registar esses fenómenos e que, através do cruzamento desses dados, é possível perceber se caiu ou não e calcular, com alguma margem de erro, o local.

“São bocados de rocha que vêm a grande altitude e velocidade, entre os 10 e os 70 quilómetros por segundo”, explicou Nuno Peixinho, em declarações à agência Lusa.

O investigador explicou ainda que, tal como as estrelas cadentes – embora estas sejam muito mais pequenas -, consomem-se na atmosfera e é desse processo químico que resulta o rasto de luz que se vê, que no caso do azul “indica que o tipo de material que está a arder, a vaporizar, é o magnésio”.

“Como andam a vários quilómetros por segundo, contra o ar, a pressão que aquilo faz na atmosfera é tão grande que as temperaturas atingem facilmente os 25 mil graus, e a essa temperatura vaporiza tudo”, sublinhou.

Nuno Peixinho frisou que, “como se ensina na escola, se caiu no chão é meteorito, se não caiu é meteoro”.

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