A Luz Saúde já não vai regressar à Bolsa em maio. A informação foi confirmada pela própria empresa e pela sua acionista, a Fidelidade, esta terça-feira, 23 de abril. O preço abaixo do esperado, apontado pelos investidores, foi o motivo, segundo confirmou o Expresso.

“Devido às condições de mercado atualmente adversas, a Luz Saúde S.A. (“Luz Saúde”) e a sua acionista maioritária Fidelidade – Companhia de Seguros S.A. (“Fidelidade”) decidiram não iniciar o roadshow e o processo de bookbuilding para o IPO da Luz Saúde na bolsa de valores Euronext Lisbon”, segundo o comunicado publicado no site da Luz Saúde.

A decisão refere suspensão, não um cancelamento da intenção de colocar uma parte do capital em bolsa: “A Luz Saúde e a Fidelidade vão continuar a monitorizar ativamente as condições de mercado e a evolução favorável das avaliações do setor da saúde e poderão considerar a possibilidade de retomar o processo de IPO num contexto propício a uma transação bem-sucedida e que reconheça o valor da empresa”.

A Fidelidade pretendia colocar uma fatia do capital da Luz Saúde em bolsa, depois de a ter retirado do mercado quando a adquiriu, em 2014, mas não será para já.

Jorge Magalhães Correia, chairman da Fidelidade e da Luz Saúde

José Fernandes

“Não temos pressa nenhuma”

“As indicações que recebemos apontavam para uma subvalorização do ativo. Em nenhuma circunstância aceitamos vender parte do capital da Luz Saúde a um valor que não seja o adequado”, declarou Jorge Magalhães Correia, o presidente do Conselho de Administração da Fidelidade, ao Expresso.

“Continuamos com o nível de envolvimento com a Luz Saúde e não temos pressa nenhuma”, acrescentou ainda o representante do acionista.

“Novas opções” pela frente

“Ao longo dos últimos meses, temos vindo a obter um feedback muito consistente e encorajador dos investidores sobre o forte historial operacional e financeiro da Luz Saúde e quanto às suas sólidas perspetivas de crescimento”, comenta Isabel Vaz, a presidente da Luz Saúde, citada no comunicado. Mas as condições de mercado não se revelaram positivas, e a Fidelidade foi sempre assumindo que não venderia com o preço sob pressão.

Isabel Vaz, CEO da Luz Saúde

A líder da dona da rede hospitalar privada sublinha, porém, que esta suspensão ocorre, mas há aspetos positivos a retirar, que podem ser determinantes para o futuro da Luz Saúde: “o processo e os contactos internacionais abriram novas opções e avenidas de crescimento interessantes, as quais definitivamente vale a pena serem consideradas, tanto pela Luz Saúde como pela Fidelidade, uma vez que suspendemos a opção de IPO”.

Além da ida para a bolsa, a Luz Saúde tinha prevista a realização de um aumento de capital de 100 milhões de euros, sobre o qual não há referência neste comunicado. No entanto, o Expresso sabe que esta operação também fica pelo caminho.

No relatório e contas relativo a 2023, publicado esta semana, a Fidelidade dizia isso mesmo: a colocação de uma percentagem minoritária do capital aconteceria “apenas e quando estiverem reunidas as condições de mercado”.

A própria Fidelidade, detida em 85% pela Fosun e em 15% pela Caixa Geral de Depósitos, admite a ida para a bolsa no próximo ano.

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