O filho de Marwan Barghouti, ativista palestiniano detido por Israel há mais de 20 anos, deu uma entrevista ao “The Washington Post” em que acusa as autoridades de Israel de agressões físicas e psicológicas contra o seu pai – que liderou a Segunda Intifada e foi condenado a cinco penas de prisão perpétua por terrorismo.

Segundo Arab, depois dos ataques de 7 de outubro, Barghouti foi agredido por guardas prisionais e confinado a uma cela sem luz natural durante 12 dias, onde teve de ouvir o hino nacional de Israel “a um volume muito alto, das cinco da manhã ao meio-dia, todos os dias”, apontou o filho do ativista político.

“Bateram-me durante tantos minutos no corpo todo, sobretudo na cara, costas e pernas. A porrada fez-me colapsar no chão, e nessa altura continuaram a bater-me até ficar inconsciente”, terá dito Barghouti ao seu advogado, referindo-se a eventos que terão ocorrido a 6 de março, no início deste mês.

Nos territórios palestinianos, há murais de homenagem aos palestinianos detidos em prisões de Israel

MOHAMMED ABED / AFP / GETTY IMAGES

Sem referir o nome de Barghouti, o departamento de Estado dos EUA garantiu ao jornal que já pediu a Israel para “investigar de forma transparente e completa as alegações credíveis, e tomar ações de responsabilização em caso de abusos”. Além disso, a Casa Branca sublinhou que todos os prisioneiros palestinianos devem ser mantidos em “condições dignas e de acordo com a lei internacional”.

Um porta-voz do serviço prisional de Israel não reconheceu quaisquer falhas: a prisão onde Barghouti está detido “obedece à lei”, e por isso as autoridades de Telavive “não tem qualquer conhecimento sobre essas alegações.”

Desde os ataques de 7 de outubro, o governo de Israel suspendeu as visitas de familiares a palestinianos detidos em prisões israelitas – assim como as visitas da Cruz Vermelha e outras organizações, por exemplo. Há cerca de nove mil palestinianos detidos em Israel.

Soldados israelitas levam detida uma criança, na sequência de confrontos na cidade de Hebron, na Cisjordânia

THOMAS COEX / AFP / GETTY IMAGES

Israel mata em Gaza e no Líbano

No terreno, as últimas 24 horas foram as mais mortíferas para o Hezbollah desde o início da guerra: dois ataques israelitas no sul do Líbano mataram esta noite pelo menos nove pessoas do grupo próximo do Hamas, poucas horas depois de ter sido confirmada a morte de outros três combatentes.

Os ataques contra as aldeias libanesas de Naqoura and Tayr Harfa foram a resposta de Telavive contra um rocket lançado hoje pelo Hezbollah contra a cidade de Kiryat Shmona – que, por sua vez, foi a resposta dos radicais contra um ataque de Telavive que matou sete paramédicos afiliados ao Hezbollah. No total, o lado dos fundamentalistas xiitas registou 19 vítimas mortais num único dia.

AFP / GETTY IMAGES

Israel não atacou só no Líbano: várias pessoas morreram e ficaram feridas após um ataque contra comunidades palestinas no sul de Gaza responsáveis por obter bens essenciais.

Além disso, um ataque com drones das forças israelitas em Jenin, na Cisjordânia Ocupada, causou a morte de três jovens palestinianos. Outro jovem de 19 anos foi morto a tiro por soldados israelitas, segundo a Al Jazeera.

Ao mesmo tempo, a possibilidade de uma ofensiva contra Rafah continua a preocupar a comunidade internacional: após a aprovação de uma proposta de cessar-fogo no Conselho de Segurança da ONU, o governo de Israel cancelou uma reunião em Washington para discutir a ofensiva contra a cidade no sul de Gaza, onde mais de 1.5 milhões de pessoas estão encurraladas.

A diplomacia norte-americana não ficou satisfeita com a decisão, mas já garantiu que está “a trabalhar com as autoridades israelitas para encontrar uma data conveniente” para o encontro, disse uma fonte da Casa Branca.

Outras notícias

> A organização Repórteres Sem Fronteiras exigiu a Israel que revelasse o paradeiro de Bayan Abusultan, jornalista natural de Gaza que terá sido “sequestrada” juntamente com outras pessoas durante uma operação militar israelita contra o hospital Al-Shifa, na semana passada (19 de março). “Forças israelitas acabaram de matar o meu irmão à minha frente”, escreveu Abusultan nesse dia, no Twitter. Está offline desde então.

> Washington acredita que os dois lados vão continuar a conversar para chegar a um acordo que permita a libertação dos reféns palestinianos e dos prisioneiros israelitas. A garantia foi dada por Matthew Miller, porta-voz do departamento de Estado dos EUA – que também acredita que um ataque contra Rafah iria liquidar o comando militar do Hamas, tal como defende Israel.

> O Governo de Israel oficializou o colonato ilegal de Ahiya, perto de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. A denúncia foi feita pela organização não-governamental (ONG) israelita Peace Now. Os colonatos são uma violação da lei internacional.

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