“Gigaton” teve azar. Lançado a 27 de março de 2020, o 11º álbum de estúdio dos Pearl Jam foi rapidamente votado ao esquecimento. Não pela sua qualidade ou falta dela, mas apenas e só porque o mundo acordou para uma nova realidade: a de ter de focar todas as suas preocupações na direção de um vírus fatal, que obrigou quase toda a gente a ficar em casa e colocou a música em segundo plano. Os norte-americanos não escaparam a essa regra, sendo forçados a adiar, por tempo indefinido, aquela que seria a sua nova digressão.

Mas, obrigando-nos a covid-19 a ficar em casa, obrigou-nos, também, passada a preocupação e vindo o tédio, a pensar noutras formas de ocupar o tempo – sobretudo entre a população mais criativa. Os Pearl Jam foram mostrando os temas de “Gigaton” em palco, entre 2022 e 2023, mas a cabeça já parecia estar noutra. Havia motivos para celebrar, mas também para chegar à conclusão de que havia que explorar a energia que havia ficado retida em nós, e neles, ao longo de todos aqueles meses. Não admira que a imprensa especializada se tenha já referido a “Dark Matter”, o novo disco dos norte-americanos, como “urgente”; nasce depois de um período na história onde esse adjetivo ficou de lado.

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