Para 9,1% dos inquiridos num estudo sobre política europeia, a imigração é o assunto mais relevante enfrentado por Portugal em 2024. Em 2019, apenas 0,9% priorizavam esta questão, revela um trabalho da Fundação Francisco Manuel dos Santos, levado a cabo a pretexto do Dia da Europa, assinalado na quinta-feira.

A crise na habitação (13,8%), a saúde (13,7%) e a economia (10,5%) são, ainda assim, os temas mais preocupantes para os portugueses, segundo o estudo. A corrupção não estava na agenda em 2019 e também dispara nas respostas dos inquiridos (6,3%) em 2024. A inflação, o custo de vida e a carga fiscal saem do topo das prioridades.

Os homens e a geração de meia idade (35-54 anos) responsabilizam mais a União Europeia (UE) pelos problemas apontados. As pessoas com formação superior e os inquiridos de direita responsabilizam mais o Governo português.

Mais de metade dos inquiridos é incapaz de indicar o nome de um eurodeputado ou da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Contudo, a percentagem de inquiridos satisfeitos com a adesão à UE atingiu um máximo histórico (mais de 90%) em 2024. Essa convicção é especialmente elevada entre a geração mais velha (mais de 55 anos).

O apoio ao euro é inferior, mas supera os 70%. As gerações mais jovens (18-24 anos) e mais velhas e os inquiridos com escolaridade mais elevada tendem a acreditar mais no benefício da adesão à moeda única. 

A permanência de Portugal na UE é apoiada por 84,5% dos inquiridos. 44,5%, sobretudo ao centro, são favoráveis ao alargamento. A maioria (58%) defende o acolhimento da Ucrânia.  

Dois terços dos inquiridos confiam mais nas instituições europeias por comparação com as instituições nacionais, a exemplo do Parlamento e do Governo. As mulheres, os inquiridos com mais de 55 anos e com escolaridade mais elevada tendem a confiar mais nas instituições europeias.

A maior insatisfação prende-se com a resposta europeia aos desafios da pobreza e das desigualdades, ao conflito israelo-palestiniano e à imigração de países fora da Europa. A igualdade de género, a guerra na Ucrânia e o crescimento económico registam uma maioria de inquiridos satisfeitos com o desempenho da UE.

A insatisfação é maior à direita, entre os mais jovens e os inquiridos com escolaridade mais baixa. Os inquiridos exigem sobretudo maior tomada de decisão da UE nas guerras em curso e nas alterações climáticas.

Os mais velhos e os inquiridos de esquerda acreditam mais na influência de Portugal nas decisões da UE. Três em cada quatro consideram a Alemanha o país com maior capacidade para influenciar as decisões da UE. 

83,3% dos inquiridos apoiam o direito de a UE excluir os Estados-membros cujos governos desrespeitem regularmente os princípios democráticos. Mais de 90% concordam com o condicionamento da concessão de fundos europeus ao respeito pelo Estado de direito e pelos princípios democráticos, sobretudo homens e inquiridos de direita. 

Em Portugal, as eleições europeias realizam-se a 9 de junho.

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