Após um encontro com Pedro Sánchez, em Madrid, o primeiro-ministro anunciou o regresso das cimeiras bilaterais, na segunda metade de outubro, e garantiu que não haverá “diferenças partidárias” que possam “mexer um milímetro” a relação histórica de amizade e cooperação entre os dois países. Mas a atualidade nacional perseguiu Luís Montenegro até Madrid e, apesar de usar o argumento de que não seria o local apropriado para falar do assunto, quando foi questionado sobre a descida de IRS, garantiu que “Governo está empenhado em cumprir o que prometeu” relativamente à descida do IRS

“Este não é o local, nem o momento para aprofundar o tema. Não há nem verdade nem lealdade maior de um Governo que não seja ele cumprir aquilo a que se propôs na campanha eleitoral. E é nisso que o Governo português está empenhado, em cumprir o que prometeu na campanha eleitoral”, afirmou o primeiro-ministro. E acrescentou que o executivo português que lidera não vai governar “a pensar na abertura dos telejornais, nem das páginas dos jornais d dia seguinte” ou “reboque daquilo que, com muita propriedade e com toda a legitimidade se comenta na praça pública”.

“A medida de desagravamento fiscal que apresentámos no parlamento português na semana passada será agora alvo de uma decisão do Conselho de Ministros, como também foi anunciado, e será depois aprofundado em detalhe todo o seu alcance”, acrescentou Montenegro nesta sua primeira visita internacional depois de ter assumido em pleno a função de primeiro-ministro e na qual manifestou todo o empenho na proximidade ibérica.

“Reavivar a chama” e convergir na Europa

“Espanha continuará a ser um parceiro de Portugal, um companheiro de viagem em tudo o que diz respeito ao aprofundamento de relações bilaterais que historicamente são muito intensas e que se desenvolvem em vários domínios como o económico e social para o processo de construção europeia para uma Europa mais próspera e de paz que sirva os seus cidadãos”, afirmou na conferência de imprensa conjunta ao lado do seu homólogo espanhol.

Garantindo que o governo espanhol pode contar com Portugal para o a defesa da agenda e dos interesses comuns, o primeiro-ministro saiu em defesa da necessidade de acelerar a execução dos fundos europeus que têm “data-limite” e podem contribuir para o avanço em áreas como tecnologia em Ambiente. E apontou para projetos pendentes como a construção de duas pontes, entre Nisa e Cedillo, e Alcoutim e Sanlucar de Guadiana, assim como a conclusão de projetos a nível ferroviário para transporte de passageiros e mercadoria. “É um gosto reativar a chama. Não há diferenças partidárias que possam colocar em causa um milímetro da relação que partilhamos há séculos. Estamos focados em dar bem-estar aos nossos povos”, insistiu.

Além da construção europeia, os dois chefes de Governo abordaram temas da atualidade internacional, como o conflito na Ucrânia e no Médio Oriente. Ambos reafirmaram a necessidade de continuar a apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia e condenaram o ataque do Irão contra Israel. “Defendemos a necessidade no contexto europeu e internacional travar qualquer escalada de violência que não é desejável em qualquer circunstância. Portugal e Espanha são dois países que estão na linha da frente da defesa do Humanismo e dos Direitos Humanos – fazêmo-lo na Ucrânia No Médio Oriente ”, observou Montenegro, remetendo a discussão para o Conselho Europeu de quarta e quinta-feira em Bruxelas.

Diferenças sobre a Palestina

Em relação à Palestina, Montenegro reconheceu, contudo, diferenças face ao Governo espanhol, que quer reconhecer o Estado palestiniano até julho, em linha com outros países europeus. “Não vamos tão longe como outros governos ainda, no que diz respeito ao reconhecimento do Estado da Palestina, porque consideramos que deve ser um reconhecimento no âmbito da União Europeia (UE). Achamos que será fundamental para a consagração dos dois Estados”, justificou o primeiro-ministro que mantém a linha da diplomacia portuguesa neste âmbito, apesar dos apelos de partidos como o Bloco e PCP.

A solução deve ser encontrada no seio da UE e de outras organizações internacionais como a ONU, com Portugal a defender o cessar-fogo imediato, que deve servir para permitir a ajuda humanitária e a discussão de um caminho para a paz duradoura na região. O PM recordou que em 2012, Portugal defendeu para Palestina o estatuto de observador na ONU e hoje quer um passo à frente “que a Palestina seja membro de pleno direito na Assembleia-geral das Nações Unidas.”

Assembleia da república
apresentação do programa de governo

Antonio Pedro Ferreira

Já Pedro Sanchez considerou que a comunidade internacional tem demorado “muito tempo” a reconhecer o Estado palestiniano e que o Governo espanhol acredita que com o horizonte político definido (julho) para reconhecimento dos dois Estados será mais fácil estabelecer bases para a “coexistência pacífica” entre Israel e Palestina: “A decisão do Governo espanhol é clara, firme, equívoca”, notou, apontando para o debate do Conselho de Segurança da ONU, na quinta-feira.

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