O ano 2024 vai marcar um recorde de eleições em todo o mundo. O Fundo Monetário Internacional (FMI) batizou-o de “o Grande Ano de Eleições”, seguindo a tradição de aplicar o adjetivo grande a eventos marcantes, como as grandes recessões. São quase nove dezenas de atos eleitorais e o FMI teme que os governos saídos dessa vaga não resistam à tentação de engordar as contas públicas.

O Fiscal Monitor, o documento de análise e recomendações em matéria orçamental divulgado esta quarta-feira, apela, por isso, à resistência à tentação eleitoral. O documento assinado pelo ex-ministro das Finanças português Vítor Gaspar, responsável pelo relatório, surge com o título “Porque o nosso mundo precisa de restrição orçamental no maior ano de sempre de eleições”. O problema é que se os governos não mantiverem uma política de consolidação orçamental, a dívida pública mundial vai chegar perto dos 100% do Produto Interno Bruto (PIB) global daqui a cinco anos.

O aumento do nível de endividamento mundial é de quase seis pontos percentuais até 2029 e é alimentado sobretudo por três dinâmicas que a equipa dirigida por Vítor Gaspar considera preocupantes: a dívida do grupo das economias emergentes e em desenvolvimento aumenta 10 pontos percentuais do PIB respetivo; a China, a segunda maior economia do mundo, vê o rácio de endividamento disparar 22,5 pontos percentuais do PIB; e os Estados Unidos, a ainda maior superpotência económica, agravam o endividamento em 11,8 pontos percentuais. O Fiscal Monitor alerta, ainda, que, a manter-se o mesmo tipo de políticas em curso, a dívida pública da China e dos EUA deverá ter duplicado por volta de 2053.

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