Seguindo o exemplo dos países nórdicos, sempre defendi o serviço militar ou cívico obrigatório. Uma democracia não funciona sem um sentido de comunidade antes do individualismo; sem esse sentido de comunidade, vivemos apenas no mercado e é isso que temos hoje em dia: vivemos no “capitalismo” ultra individualista e não numa democracia ou numa república; o tal problema das “bolhas” resulta do facto de um jovem de 18 anos não conhecer ninguém para lá do seu mundo social, não conhece pobres se é privilegiado e vice versa, não conhece a sério outras regiões do país. Não há um tecido social antes do mercado e antes do estado.

Os laços comunitários limitam-se aos deveres fiscais; não chega. Não é preciso citar Tocqueville para percebermos o que está a acontecer às nossas democracias no ocidente inteiro: sem um sentido de comunidade para lá do mercado e do estado, a república não resiste. Um miúdo privilegiado de Lisboa ou Porto ou de Nova Iorque ou Seattle conhece Paris e Londres, mas não conhece as zonas profundas do seu próprio país; e isto cria um problema social e, como se vê hoje em dia, político. Não se compreende o fenómeno do populismo sem esta divisão profunda entre regiões e classes. E, sim, um serviço militar ou cívico na altura certa ajudaria neste campo.

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