Agitando bandeiras russas e burquinenses, os manifestantes, na sua maioria comerciantes e trabalhadores do setor privado, entoaram slogans anti-imperialistas e protestaram “contra a ingerência nos assuntos internos do Burkina Faso” diante da Embaixada, que estava protegida por um cordão de polícia de choque.

Washington e Londres declararam-se “gravemente preocupados”, na segunda-feira, após a publicação de um relatório da HRW que acusa o exército burquinense, que luta contra grupos terroristas armados, de ter “executado pelo menos 223 civis, incluindo pelo menos 56 crianças, em duas aldeias no dia 25 de fevereiro”.

Os Estados Unidos da América e o Reino Unido apelaram às autoridades para que “conduzam um inquérito exaustivo”.

“Viemos transmitir uma mensagem aos americanos para que ponham fim a estas acusações contra as nossas forças armadas que defendem o país à custa das suas vidas”, disse à AFP o porta-voz da federação pan-africanista “Burkind Faangf meenga [libertação]”, Mahamadou Ouédraogo, que liderou a manifestação que terminou a meio da tarde.

O Burkina Faso, que é governado por forças militares na sequência de um golpe de Estado, denunciou o relatório da HRW, no sábado, dizendo que “rejeita e condena firmemente tais acusações infundadas”.

As autoridades suspenderam vários meios de comunicação social estrangeiros, incluindo a BBC e a Voz da América, bem como o canal de televisão em francês TV5 Monde e ‘sites’ de notícias estrangeiros, criticando-os por terem difundido o relatório da HRW.

O regime militar também convocou o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Eric Whitaker, na quinta-feira, para “deplorar” o facto de “os Estados Unidos da América e o Reino Unido, habitualmente comprometidos com o rigor científico, estarem a reagir com base num relatório com conclusões precipitadas”, segundo a agência noticiosa estatal do Burkina Faso (AIB).

“Onde estão estes defensores dos direitos humanos quando os terroristas estão a massacrar as nossas populações? O que é que eles estão a fazer?”, questionou outro membro da federação, Halidou Ouedraogo.

O Burkina Faso enfrenta, desde 2015, violência terrorista, atribuída a movimentos armados afiliados à Al-Qaida e ao grupo Estado Islâmico, que fez cerca de 20 mil mortos e mais de dois milhões de deslocados.

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