Como Diretora Executiva do projeto VOICE Leadership tenho acompanhado de perto a evolução das PME portuguesas. Esta semana debruçamo-nos sobre algumas mudanças que o orçamento de estado prometeu e que se esperam que impactem diretamente a atividade destas empresas.

Em primeiro lugar, uma nota positiva: o reforço do incentivo fiscal à capitalização das empresas. O investimento com capitais próprios passa a ter uma remuneração superior ao que era deduzido em custos de financiamento através de capital alheio. Esta medida pode incentivar as PME a investir mais nos seus negócios, o que pode resultar numa maior estabilidade financeira e crescimento. Tudo o que se deseja.

Outra medida interessante é o bónus aos trabalhadores isento de IRS e TSU. As empresas que aumentarem salários em pelo menos 5%, em média, poderão pagar um bónus até aos 4.100€ isento de IRS e de TSU. Esta medida pode incentivar as empresas a aumentar os salários, o que pode resultar em maior satisfação e retenção de funcionários.

No entanto, a proposta de orçamento parece focar-se sobretudo nas famílias e pensionistas, havendo poucas medidas dirigidas à atividade e aos problemas das empresas.

As PME portuguesas enfrentam vários desafios, como a necessidade de transformação digital, energética e de talento, bem como as mudanças fiscais e regulatórias. Seria importante ver mais medidas que abordem diretamente esses desafios.

No projeto VOICE Leadership, trabalhamos para apoiar a modernização e competitividade das PME portuguesas através da capacitação dos seus decisores e gestores, e acreditamos que, com o apoio adequado, as PME podem superar esses desafios e contribuir significativamente para a economia portuguesa.

Em conclusão, embora a proposta do Orçamento do Estado para 2024 traga algumas medidas positivas para as PME, ainda há muito a ser feito. É crucial que continuemos a apoiar as PME e a trabalhar para criar um ambiente de negócios que permita o seu crescimento e sucesso.

Algumas ideias…

  1. Apoiar a inovação para garantir que as PME se mantêm competitivas. Isso pode incluir o apoio a I&D, a implementação de novas tecnologias e a promoção de toda uma cultura de inovação.
  2. Oferecer formação e oportunidades de desenvolvimento de competências pode ajudar a construir uma força de trabalho qualificada e motivada. As PME muitas vezes lutam para atrair e reter talentos.
  3. Melhorar o acesso a financiamento – a empréstimos e a capital de risco – para que estas empresas possam crescer e expandir-se.
  4. Simplificar os processos administrativos, reduzindo a burocracia para que seja mais fácil para as PME fazerem negócios.
  5. Criar redes de apoio, quer a nível local, quer a nível nacional, pois o trabalho de um gestor de PME pode ser bastante solitário, e é necessário criar redes de segurança, com vários intervenientes que se apoiem mutuamente.

Dito isto, com o contacto cada vez mais regular com as PME, é para mim claro que cada uma é única e enfrenta desafios diferentes, por isso é importante adaptar as estratégias de apoio às necessidades específicas de cada empresa.


Este artigo foi desenvolvido no âmbito da iniciativa Nova SBE VOICE Leadership

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