Nos próximos dias – semanas, meses? – uma parte significativa da comunidade internacional que ainda acredita na pertinência do pensamento crítico aplicado à música pop (por oposição aos tão populares ‘reacts’ que oferecem esgares de múltiplas nuances como alternativa a textos que resultam de diferentes graus de inteligência natural) gastará consideráveis doses de energia a medir com minúcia obsessiva a distância que porventura possa existir entre o que se escuta no novíssimo “Cowboy Carter”, oitavo álbum na conta pessoal de Beyoncé, e aquele vasto território – pradaria? – que se estende de Nashville até ao Texas e que, à falta de melhor termo, ainda se designa como “country”. Na verdade, a eventual desilusão que possa despontar quando se perceber que o sucessor de “Renaissance” não troca exatamente o “ballroom” onde se dança “vogue” pelo celeiro com amplo espaço para as tão bem alinhadas coreografias de “square dancing” terá que ser mitigada pela constatação de que o country – tanto o clássico como o moderno – é uma estética mantida por um rígido conjunto de regras e que a Rainha Bey nunca abdicaria da sua individualidade artística para se encaixar sem reservas num terreno altamente codificado. Não esperem sentados à porta do Grand Ole Opry porque tão cedo a Sra. Carter não deverá trocar a sua penthouse de Nova Iorque por um rancho no Tennessee.

Compartilhar

Leave A Reply

Exit mobile version