Os recentes ataques violentos a cidadãos de nacionalidade argelina e marroquina, ocorridos na madrugada de sexta-feira, podem ter sido motivados pela onda de assaltos ocorridos nas últimas semanas no Campo 24 de Agosto, no Porto. Poderão mesmo ter sido cometidos por grupos racistas – uma vez que muitos moradores e comerciantes da zona da freguesia do Bonfim apontam o dedo a esses imigrantes, que costumam ficar em magote, amedrontando tudo e todos.Na rede social X, onde circulam os vídeos de agressões perpetradas entre os cidadãos argelinos e marroquinos – algumas com recurso a paus, canos e martelos -, há quem incite à violência. “Vamos correr com esta gente do nosso país, povo português, já que os nossos governantes não fazem nada”, lê-se. Mas há mais: “Com a falta de meios que a polícia enfrenta, teremos de ser nós, cidadãos, a restabelecer a segurança das nossas ruas, através de grupos de vigilância, e, se necessário, de intervenção.”
Na sexta-feira ocorreram quatro situações distintas envolvendo argelinos e marroquinos na Baixa do Porto. A mais grave ocorreu na Rua do Bonfim, quando um grupo encapuzado e munido com armas, facas e bastões, entrou numa casa e espancou os imigrantes. Três ficaram feridos.

Rui Moreira: “Muito preocupante” 
“Muito preocupante. Espero que as autoridades consigam descobrir rapidamente os autores e eles sejam punidos”, disse Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto. Ao CM, fonte da autarquia diz que “não detém competências em matéria de segurança pública”, sendo a responsabilidade do Ministério da Administração Interna. Indicam ainda que a “Polícia Municipal, em articulação com a PSP, executa policiamentos de visibilidade nas zonas mais críticas, onde existe forte afluência e permanência de pessoas, bem como nos cenários onde existe recorrência de fenómenos criminais”.

Luís Montenegro condena os atos

Na rede social X, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, já reagiu aos ataques racistas, ocorridos na madrugada de sexta-feira. “Condeno veementemente, em meu nome pessoal e do Governo português, os ataques racistas no Porto. Exprimo a nossa solidariedade com as vítimas e reafirmo tolerância zero ao ódio e violência xenófoba. E elogio o trabalho das nossas forças de segurança”, escreveu. A PSP reforçou o patrulhamento naquela zona da cidade.

PORMENORES

PREVENTIVA ÓDIONa Batalha, sexta-feira, um marroquino foi espancado. Um homem de 26 anos foi detido com um bastão. Outros cinco, que o procuraram na esquadra, foram identificados pela PSP. O detido ficou em preventiva por crimes de ódio.MAI “NÃO ADMISSÍVEIS”

A ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, disse ontem que os ataques no Porto “não são admissíveis. A nossa sociedade não é isto, os portugueses não são isto. As forças de segurança responderam em eficácia e prontidão. Em nome do Governo posso dizer que a tolerância é zero. Não ao racismo”.
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