A equipa da agência portuguesa reuniu-se com gigantes de Silicon Valley como Google, Cisco, Cloudflare e Meta numa viagem de cinco dias à Baía de São Francisco. 

“Fizemos esta missão porque estamos a sentir muito interesse das grandes empresas de ‘tech’ para investir em infraestrutura na Europa”, disse à Lusa o responsável, à margem da visita. “Portugal tem-se estado a posicionar muito bem nisso”. 

Conectividade, energia limpa e disponibilidade de talento para contratar foram alguns dos pontos fortes evocados pela AICEP, que se deslocou à Califórnia para tentar negociar dossiês de investimento. 

“As perspetivas são muito positivas, porque falámos com uma série de decisores de localização de investimento destas empresas”, explicou Filipe Santos Costa. “As empresas que já têm presença em Portugal ficaram a olhar com novos olhos para as próximas decisões de investimento que vão tomar na Europa, para atividades que se calhar não tinham intenção de instalar em Portugal”, referiu. 

Para as que ainda não estão no país, o testemunho de empresas como a Cloudflare, “que estão a crescer muito e a sofisticar o seu nível de investimento em Portugal”, serviu como alavanca para despertar interesse. 

Nesta missão, a AICEP endereçou três grandes áreas: a atração de mais estações de amarração de cabos e centros de dados em Portugal; a atração da fileira de semicondutores; e a atração de ‘fintech’ e serviços financeiros. 

Na primeira vertente, um dos argumentos mais fortes é Portugal ser sustentável, “com sucesso na transição energética e digital, descarbonização e disponibilidade de eletricidade ‘verde'”, resumiu Filipe Santos Costa.

Estes fatores são importantes numa altura em que está a aumentar a procura por centros de dados, tanto porque as tecnológicas têm de localizar mais centros na Europa como pelo impulso dado pela Inteligência Artificial. 

“Há uma perspetiva de haver cada vez mais investimento em cabos submarinos de telecomunicações, que é por onde passa 90% da internet”, frisou o responsável. “E nós queremos que essas estações de amarração de cabos submarinos venham para Portugal”. 

Um dos trunfos é “o sucesso da transição energética portuguesa”, com 70% de produção de eletricidade de fontes renováveis (não incluindo nucleares) a preços que a AICEP considera competitivos. 

“Termos a energia mais limpa e com excelentes preços é um grande atrativo para estas empresas, em que grande parte dos custos de operação são eletricidade”, sublinhou. “A ‘big tech’ quer trabalhar com eletricidade ‘verde’ de capacidade acrescentada”. 

Mas o responsável frisou que os argumentos para investir em Portugal, tanto para empresas que já estão presentes como as que estão a fazer prospeção, não se centram nos custos.

“As empresas vêm para Portugal pela relação preço-qualidade, mas cada vez mais vêm pela qualidade e menos pelo preço”, explicou. 

A disponibilidade do talento no país é um ponto muito importante, sendo que os salários neste segmento têm vindo a crescer e isso é considerado positivo. “A maneira que temos de apreciar salários é atrair investimentos que inclusive vêm porque temos uma relação preço-qualidade mais favorável que outros países europeus”, disse o presidente da agência.

Na área de semicondutores, a AICEP está a posicionar Portugal como um “excelente destino de ‘clean manufacturing’ em que também pesa a componente de eletricidade ‘verde'”. A comitiva reuniu-se com a Synopsys e Lam Research e explicou, entre outras coisas, o regime contratual de incentivos para os investimentos industriais e os sistemas de incentivos de investigação e desenvolvimento que envolvem universidades portuguesas.

Outras empresas na agenda de reuniões foram a Amplemarket, CrunchyRoll, Iterable, Bayer Pharma, Inflammatix e Nurix. 

Leia Também: Pagar o IMI por débito direto? Atenção a este prazo

Compartilhar

Leave A Reply

Exit mobile version