Hoje, “israelitas incendiaram duas vezes o perímetro da sede da UNRWA em Jerusalém Oriental ocupada”, indicou Philippe Lazzarini, referindo que elementos desta e de outras agências da ONU estavam no interior das instalações.

O chefe da UNRWA revelou que tomou a decisão de “fechar o recinto até que haja segurança adequada”, apontando dois incidentes em menos de uma semana, que atribuiu a “extremistas” e no qual “as vidas dos funcionários da ONU foram colocadas em grave perigo”.

Os escritórios da UNRWA albergam uma estação de serviço para os veículos da agência da ONU, observou Lazzarini, assinalando que “é responsabilidade do Estado de Israel, como potência ocupante, garantir que o pessoal e as instalações das Nações Unidas estejam sempre protegidos”.

Num vídeo divulgado na sua conta, filmado do lado de fora do complexo da ONU, ouvem-se manifestantes gritando “Queimem as Nações Unidas!”, enquanto do outro lado da vedação de arame um funcionário apaga com uma mangueira de jardim um incêndio na vegetação.

Na terça-feira, Lazzarini divulgou outro vídeo filmado dentro dos escritórios da ONU em Jerusalém Oriental, mostrando manifestantes a danificar o portão.

“Nos últimos meses, o pessoal da ONU tem sido regularmente submetido a assédio e intimidação. O nosso complexo foi severamente vandalizado e danificado. Em várias ocasiões, extremistas israelitas ameaçaram o nosso pessoal com armas”, criticou hoje o chefe da UNRWA.

A Arábia Saudita e o Qatar já condenaram, em declarações separadas, o ataque “liderado por colonos israelitas aos escritórios da UNRWA em Jerusalém ocupada”.

O incidente ocorreu “sob o olhar da polícia israelita”, segundo Riade, enquanto Doha considera que “o ataque sistemático à UNRWA (…) visa, em última análise, liquidá-la e privar milhões de palestinianos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano que precisam dos seus serviços.

A agência da ONU em causa, que tem mais de 30.000 empregados ao serviço de 5,9 milhões de palestinianos na região, foi acusada por Israel de empregar “mais de 400 terroristas” na Faixa de Gaza.

Vários funcionários foram acusados pelos israelitas de estarem diretamente envolvidos no ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro, que matou 1.170 pessoas, principalmente civis, e deixou cerca de 250 como reféns.

Estas alegações levaram à suspensão do financiamento por parte de 16 países doadores, como os Estados Unidos, embora muitos já tenham o tenham retomado, e à realização de uma auditoria externa, a par de uma averiguação interna.

A investigação independente concluiu que a UNRWA na Faixa de Gaza carece de neutralidade política, mas indicou que Israel foi incapaz de provar a ligação de funcionários deste organismo ao Hamas, grupo considerado terrorista pela União Europeia, pelos Estados Unidos e por Israel.

Por outro lado, os peritos também afirmaram que a agência da ONU continua a ser “crucial para fornecer ajuda humanitária vital” na região.

Estes incidentes ocorrem igualmente numa fase em que Israel bloqueou o acesso de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que prepara uma invasão terrestre na região de Rafah, no sul do enclave.

A ofensiva israelita na Faixa de Gaza, em retaliação ao ataque de 07 de outubro do Hamas, já provocou nos últimos sete meses quase 35 mil mortos, sobretudo civis, e deixou a maioria da população de mais de 2,4 milhões privada de bens essenciais.

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