O primeiro-ministro e o líder da oposição têm apostado numa troca de acusações e responsabilidades. Um diz que, se o Governo não chegar a 2028, não será por vontade própria. O outro respond eque não cabe à oposição ser “um CDS” que sustenta o executivo social-democrata.
Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos estão num “passa-culpas” em relação a uma eventual queda do Governo. O primeiro-ministro afirma que se a legislatura acabar antes de 2028, a culpa é da oposição. Já o líder do PS aponta que é o Executivo que tem de ser humilde e dialogar com os restantes partidos.
Precisamente três meses depois de tomar posse, e a três meses da entrega do Orçamento do Estado, Luís Montenegro faz o balanço da governação.
“O Governo já fez tanta coisa (…) que até parece que já está a governar há muito tempo. Mas não está”, declarou Montenegro.
“Tiveram uma primeira fase, no primeiro mês, em que o Governo era acusado de não fazer nada (…). Agora, é que decidimos muitas coisas, mas apresentamos poucas leis.”
Luís Montenegro afirma que prefere a qualidade à quantidade e critica os que andam a fazer contas. Mas é de calculadora na mão que se faz esta legislatura:com um Parlamento fragmentado e o PSD sem maioria, a depender de outros partidos.
“Os portugueses escolheram o Parlamento que temos. Isso implica uma maior humildade por parte do primeiro-ministro, uma maior humildade por parte do Governo”, defendeu o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
O líder socialista recomenda ao Governo que não esteja “à espera” de que “o PS se torne num CDS para o Governo”.
Luís Montenegro, por sua vez, garante que tenciona cumprir a legislatura até “ao último momento”.
“Se houver interesse, que isso não aconteça, não há de ser por culpa do Governo.”
O “passa-culpas” já começou. Pedro Nuno Santos incita o primeiro-ministro a procurar a estabilidade. Luís Montenegro empurra qualquer responsabilidade pelo eventual fim precoce do Governo para a oposição. Sem “jogos de sombra” nem de “bastidores”, garantem ambos.
Na oposição, pede-se que o Governo deixe as palavras e passe à ação. E o Governo pede que se deixe governar.
Luís Montenegro acredita que a legislatura só termina em 2028.
Em outubro, o orçamento do Estado pode ser o início do fim. E o passa-culpas ainda agora começou.