A Liga dos Bombeiros anunciou que, nos dias 19, 20, 27 e 28 deste mês, vai interromper o transporte, por ambulâncias, de doentes que tenham alta hospitalar. A decisão foi tomada em conselho nacional da liga, que vai pedir audiências ao presidente da República e ao primeiro-ministro para serem ouvidos sobre os preços fixados, unilateralmente, pelo Ministério da Saúde para o transporte de doentes não urgentes.
Como noticiou o JN, o preço de transporte destes doentes estava a ser negociado desde novembro, mas o Ministério da Saúde fixou os preços “unilateralmente”, contou António Nunes, presidente da liga. Em protesto, os bombeiros decidiram marcar uma “ausência” nos transportes para quatro dias do mês de julho.
Contudo, o maior objetivo da Liga Portuguesa dos Bombeiros é “evitar que isso ocorra” e que seja possível chegar a um entendimento antes da paralisação.
“Queremos é criar pontes para a resolução dos nossos problemas”, disse António Nunes, explicando que a própria escolha dos dias teve, como preocupação, “dar espaço” para que as audiências com as autoridades competentes possam ocorrer. E, a partir do diálogo, resultarem soluções que resolvam a “situação caótica em que estão os bombeiros”. Se for encontrada uma solução, o transporte de doentes pelos bombeiros não sofrerá constrangimento e as restantes medidas anunciadas também podem perder o efeito.
Valor é insuficiente
Da reunião do Conselho Nacional da Liga dos Bombeiros Portugueses, saíram outras medidas que darão corpo ao protesto dos bombeiros. Entre elas, foi anunciado, “se necessário”, a convocação de um congresso extraordinário para 16 de setembro, em Setúbal, algo que não sucede desde 2012.
Para António Nunes, a solução passa por ajustar o preço do serviço de transporte efetuado por ambulâncias ao preço dos combustíveis, que aumentou 50 cêntimos desde novembro do ano passado de 1,40 para 2,02 euros.
Face a este aumento, os “valores que estão hoje em cima da mesa são insuficientes para a manutenção dos serviços das ambulâncias”, argumentou o líder da liga, havendo já associações que registam desequilíbrios orçamentais. “Não somos nós que temos de financiar a Saúde. O Estado é que tem de financiar [o serviço] dos bombeiros”, atirou.