Durante o tempo como eurodeputado, Nigel Farage fez campanha pela saída do Reino Unido da UE (Brexit), cujo referendo, em 2016, é atribuído em parte ao êxito do UKIP sob a sua liderança, num resultado que colocou o então primeiro-ministro David Cameron sob pressão.

O antigo eurodeputado britânico Nigel Farage, atual líder do Partido Reformista (Reform UK) foi eleito, à oitava vez, pelo círculo de Clacton-on-Sea, no sudeste de Inglaterra, consolidando o avanço da formação de direita populista.

Farage ganhou com 46,2% dos votos, superando o conservador Giles Watling (27,9%), até agora representante desta circunscrição, e o trabalhista Jovan Owusu-Nepaul (16,2%).

“Farei o meu melhor para colocar Clacton no mapa”, nomeadamente, atraindo turistas e investimento privado, prometeu Farage, depois do anúncio dos resultados.

Com este lugar, o Partido Reformista já elegeu três deputados, tendo a sondagem à boca das urnas divulgada pela BBC, ITV e Sky News previsto que poderá ocupar um total de 13 assentos na Câmara dos Comuns.

“Há uma enorme lacuna no centro-direita”

Farage qualificou “de extraordinário” o feito do partido, que em poucas semanas e sem estrutura no país, conseguiu ficar em segundo lugar em muitas dos círculos eleitorais à frente dos Conservadores, o qual esteve 14 anos à frente do Governo.

“Não se trata apenas de desilusão com o Partido Conservador. Há uma enorme lacuna no centro-direita da política britânica e o meu trabalho é preenchê-la. E é exatamente isso que vou fazer”, garantiu.

Farage indicou que o plano é “construir um movimento nacional de massas ao longo dos próximos anos” para tentar ganhar as eleições legislativas de 2029. O deputado eleito disse acreditar que “este governo trabalhista vai ficar em apuros muito, muito rapidamente” e avisou que vai tentar angariar votos dos trabalhistas.

“Não há entusiasmo pelos trabalhistas, não há entusiasmo por [Keir] Starmer. De facto, cerca de metade do voto é simplesmente um voto anticonservador”, argumentou.

Farage foi eurodeputado até 2019

O político eurocético, de 60 anos, já tinha concorrido sete vezes ao Parlamento britânico, sem sucesso, a primeira das quais há 20 anos, em 1994. Farage foi líder do Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP), o qual representou no Parlamento Europeu entre 1999 e 2019, quando foi reeleito pelo Partido do Brexit.

Durante o tempo como eurodeputado fez campanha pela saída do Reino Unido da UE (Brexit), cujo referendo, em 2016, é atribuído em parte ao êxito do UKIP sob a liderança de Farage, num resultado que colocou o então primeiro-ministro David Cameron sob pressão.

O partido ganhou as eleições europeias de 2014, as primeiras em mais de 100 anos no Reino Unido, onde nem os Trabalhistas, nem os Conservadores venceram. Depois de “senhor Brexit”, Farage tornou-se no rosto da extrema direita anti-imigração e antissistema e a entrada nestas legislativas teve um impacto imediato, com o Reform UK passou de 12% para 16% nas intenções de voto, logo a seguir aos conservadores, quando há um ano tinha 5%.

“O que tenciono liderar é uma revolta política”

Farage assumiu o objetivo de tornar o Partido Reformista a principal força da oposição em 2029, substituindo os conservadores, inspirado pelos reformistas canadianos dos anos 1990.

“O que tenciono liderar é uma revolta política. Sim, uma revolta. Um virar de costas ao estado atual da política. Não está a funcionar. Nada neste país funciona mais”, proclamou, na altura.

Admirador do ex-Presidente norte-americano Donald Trump, Farage é carismático, divertido e provocador, sendo imagem de marca a gargalhada de boca aberta enquanto segura uma ‘pint’ de cerveja.

Educado em escolas privadas, fez carreira no setor financeiro antes de entrar para a política. Nos últimos anos quatro anos tornou-se comentador político na rádio e depois no canal GB News.

Em 2023, participou no programa de ‘reality tv’ “Sou uma celebridade, tirem-me daqui”. Terminou em terceiro lugar. A posição sobre a Ucrânia durante a campanha, afirmando que o Ocidente “tinha provocado” a invasão da Rússia, foi alvo de críticas, tal como os comentários racistas e homofóbicos atribuídos a ativistas e candidatos reformistas, três dos quais, pelo menos, perderam o apoio do partido.

Os resultados finais deverão ser confirmados durante o dia, e um novo primeiro-ministro será indigitado pelo rei Carlos III e encarregado de formar governo.

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