Esta terça-feira, Viktor Orbán visitou Kiev pela primeira vez desde a invasão russa de 24 de fevereiro de 2022 com o objetivo de discutir a “possibilidade de se alcançar a paz”, segundo disse Bertaland Havasi, do seu gabinete de imprensa, citado pela agência noticiosa MTI. O primeiro-ministro da Hungria encontrou-se com Volodymyr Zelensky um dia depois de o país ter assumido a presidência rotativa e semestral do Conselho da União Europeia.

Nos últimos dois anos e meio, Orbán tem bloqueado diversas vezes a assistência financeira e militar europeia à Ucrânia, defendendo em vez disso um cessar-fogo para negociações de paz. Foi essa mesma posição que assumiu no encontro com o Presidente da Ucrânia, de acordo com a AFP. “Pedi ao Presidente [Zelensky] que considerasse a possibilidade de um cessar-fogo o mais rapidamente possível”, que seria “limitado no tempo e permitiria acelerar as negociações de paz”, declarou.

Num vídeo divulgado por Volodymyr Zelensky nas redes sociais, Viktor Orbán refere que foi a Kiev no sentido de perceber quais os caminhos para a paz na perspetiva das autoridades ucranianas. “Somos muito favoráveis à paz. Gostaria que compreendessem que esta é a minha missão, compreender como veem as possibilidades de paz”, disse, segundo a EFE.

Já Volodymyr Zelensky frisou que as conversações focar-se-iam nos passos a dar em direção a uma paz “justa e duradoura”, que no seu entender devem preceder qualquer cessar-fogo com vista a negociações com Moscovo.

O Presidente ucraniano reiterou a necessidade da continuação do apoio financeiro e militar da UE à Ucrânia. “É também muito importante para todos nós na Europa que o apoio europeu à Ucrânia se mantenha a um nível suficiente, incluindo a nossa defesa contra o terror russo”, justificou durante a conferência de imprensa conjunta.

Recorde-se que a Hungria tem dificultado, em várias ocasiões, a aprovação de medidas de apoio à Ucrânia por parte do bloco. No início deste ano, Orbán chegou a vetar um pacote de ajuda financeira no valor de 50 mil milhões de euros, que acabou por ter luz verde depois da contestação de Kiev, de acordo com a Lusa.

Viktor Orbán é o único líder europeu que se mantém no radar de Vladimir Putin e da Rússia, com quem os restantes países cortaram relações desde o início da guerra na Ucrânia. Além de descrever várias vezes a invasão russa como uma “operação militar”, expressão semelhante à que é usada oficialmente por Moscovo, o primeiro-ministro húngaro opôs-se durante muito tempo a qualquer discussão sobre a adesão da Ucrânia à UE. Em dezembro de 2023, decidiu abster-se na votação sobre o início das negociações, permitindo que estas tivessem finalmente luz verde.

O chefe do Governo húngaro reuniu-se com Putin em Pequim, em outubro de 2023, para discutir assuntos relacionados com a cooperação energética, já que Moscovo continua a ser uma fonte essencial para suprir as necessidades energéticas do seu país, observa a Lusa. Apesar de não ter bloqueado completamente as sanções europeias contra a Rússia, a Hungria tem vindo a encetar vários esforços para diminuir o seu impacto.

Outras notícias que marcaram o dia:

Os EUA vão enviar um novo pacote de ajuda à Ucrânia no valor de 2,3 mil milhões de dólares (2,14 mil milhões de euros), que inclui defesa aérea e armas antitanque, anunciou o secretário da Defesa norte-americano Lloyd Austin, citado pela Lusa. Nos últimos dias, o Presidente da Ucrânia tinha voltado a pedir mais armamento, nomeadamente sistemas Patriot e caças F-16, para aumentar a capacidade de resposta das forças ucranianas à utilização massiva de bombas planadoras por parte da Rússia.

⇒ A Rússia continua a reivindicar avanços na frente leste da Ucrânia. Nas últimas 24 horas, as forças russas terão lançado o maior número de ataques na direção da cidade ucraniana de Pokrovsk. Paralelamente, foram registados progressos das tropas russas em quatro áreas da frente de combate nas regiões de Lugansk e Donetsk, revelou o DeepState, canal militar ucraniano no Telegram. Na segunda-feira, o Ministério da Defesa russo tinha comunicado a tomada de mais duas localidades, no nordeste de Kharkiv e em Donetsk, depois de ter ocupado quatro outras em Donetsk nos três dias anteriores, resumiu a Lusa.

⇒ A NATO pretende criar um posto de representação permanente em Kiev, assim como um novo centro de comando na Alemanha para coordenar a assistência à Ucrânia, revelaram altos funcionários norte-americanos e dos países aliados, citados pelo ‘The Wall Street Journal’. O objetivo é salvaguardar a ajuda a longo prazo para Kiev face à possibilidade do regresso de Donald Trump à Casa Branca. O ex-presidente dos EUA tem criticado sistematicamente a NATO e o apoio militar prestado a Kiev.

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