A população palestiniana na Faixa de Gaza tem vivido sob imensas dificuldades, com pouco acesso a comida, água e a condições de higiene adequadas. Esta sexta-feira, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA) alertou que a acumulação de lixo nas ruas e esgotos da região está a acelerar a propagação de doenças.

Há muito que os trabalhadores humanitários no terreno têm alertado para a falta de condições no enclave palestiniano porque, além dos bombardeamentos e da reduzida entrada de ajuda humanitária, Israel é também responsável pela água potável que entra na região.

Têm sido registados cada vez mais casos de doenças contagiosas pelas autoridades de saúde, e Sam Rose, diretor da UNRWA, disse à Associated Press que “o cheiro em Gaza é suficiente para deixar uma pessoa imediatamente enjoada”.

“Se há más condições na água e esgotos poluídos, então isto é um assunto de Israel. Pedimos no passado que Israel tente melhorar a situação”, afirmou Rose.

A Associated Press avança que o aumento de casos de hepatite A é o mais preocupante e, entre os bombardeamentos e ataques israelitas, os trabalhadores da ONU e autoridades locais têm procurado reparar as linhas de água danificadas. Também se teme o surgimento eventual de casos de cólera.

Israel, do seu lado, disse à AP que está a avançar com medidas para melhorar a “situação higiénica” na Faixa de Gaza.

A comunidade mais afetada pela destruição do sistema higiénico de Israel têm sido as mulheres e raparigas palestinianas. Com pouco acesso a cuidados médicos, água limpa e produtos higiénicos, cerca de 700 mil pessoas com ciclos menstruais têm tido imensas dificuldades em cuidar de si, e a ONU estima que haja um rácio de apenas uma sanita por 486 pessoas, resultando em períodos mais dolorosos, arriscados e difíceis de gerir.

Gaza

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EUA removem doca flutuante de Gaza devido a mau tempo e podem não a repor

A doca flutuante norte-americana instalada para levar ajuda a Gaza está a ser removida devido ao mau tempo, e Washington equaciona não a repor, a menos que a ajuda comece a chegar novamente à população, indicaram hoje responsáveis norte-americanos.

Embora a estrutura construída pelos militares norte-americanos tenha ajudado alimentos e outros bens desesperadamente necessários a chegar à Faixa de Gaza, a maior parte dessa ajuda ainda está no pátio de armazenagem adjacente, devido à dificuldade que as agências humanitárias têm tido em transportá-la para áreas daquele território palestiniano onde ela é mais urgente, e esse espaço de armazenamento está quase cheio.

A doca foi fundamental para fazer entrar em Gaza mais de 6,8 milhões de quilos de alimentos, mas tem enfrentado vários contratempos.

O mar agitado danificou a doca, apenas alguns dias após o início das suas operações, mas o maior desafio tem sido o facto de as colunas humanitárias terem deixado de transportar a ajuda da área de armazenamento da doca para Gaza, para a fazer chegar às mãos dos civis, porque têm sido alvo de ataques.

Os responsáveis norte-americanos foram citados pela agência de notícias norte-americana Associated Press (AP) a coberto do anonimato por estarem a falar sobre movimentações militares.

Cais humanitário dos EUA para a Faixa de Gaza, no porto de Ashdod

Oren Ziv/AFP via Getty Images

Outras notícias:

> As forças israelitas anunciaram que avançaram sobre áreas específicas no norte e no sul da Faixa de Gaza, e as autoridades de saúde de Gaza avançaram que os ataques de tanques em Rafah fizeram pelo menos 11 mortos. Responsáveis do Hamas acrescentaram que milhares de pessoas estão a ser novamente forçadas a abandonar tendas e abrigos em Khan Younis, para onde fugiram de Rafah;

> Na Cisjordânia ocupada, as Forças de Defesa de Israel (IDF) destruíram um terço de uma vila palestiniana, na comunidade isolada de Umm al-Kheir, perto de Hebron. Segundo o The Guardian, foram dizimadas onze casas e outras estruturas, e 50 palestinianos, na sua maioria pastores, ficaram sem teto;

> O setor de extrema-direita do Governo israelita pressionou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, durante uma reunião do Gabinete de Segurança na quinta-feira, para uma ofensiva em grande escala contra o grupo xiita Hezbollah no Líbano. Depois do ministro da Defesa, Yoav Gallant ter defendido uma abordagem mais diplomática, o ultraortodoxo extremista Ben Gvir, ministro da Segurança Nacional, exigiu que Israel confronte o Hezbollah a norte;

> O Governo espanhol apresentou hoje oficialmente “uma declaração de intervenção” no processo iniciado pela África do Sul no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) contra Israel por violação da Convenção sobre Genocídio durante as operações militares na Faixa de Gaza.

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