O transporte para a nova morada está assegurado. O ministro da Economia vai ser um dos primeiros a chegar. Mas, até lá, é preciso garantir que tudo o que está aqui vai chegar lá a tempo.

Pedro Reis ocupou este espaço há apenas três meses e agora sabe que nunca vai ter uma foto nesta parede – nem vai continuar a ter um edifício exclusivo para a sua equipa ministerial.

“Eu sou uma pessoa relativamente desmaterializada”, afirma o ministro, que garante não ter sequer tido tempo para acumular objetos naquele que era o “quartel-geral” do Ministério da Economia.

Pelo contrário, o ministro das Infraestruturas e Habitação admite que, apesar do pouco tempo no edifício em que até aqui trabalhava, já tem vários objetos para empacotar, na mudança para a nova casa.

“A fotografia da minha família anda sempre comigo, em todos os gabinetes”, revela Miguel Pinto Luz, enquanto guarda a moldura numa caixa que vai para o novo gabinete. “Vai esta e vão muitos outros [objetos], porque na segunda-feira já temos que estar todos daquele lado a trabalhar.”

Por sua vez, António Leitão Amaro, o ministro da Presidência, leva consigo um pequeno porquinho cor-de-rosa. Um “leitão”, clarifica, que foi uma brincadeira oferecida por um familiar.

Também a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, enche caixas com memórias que vão ser transportadas para o novo gabinete.

Com a saída dos ministérios de vários edifícios do centro da cidade, fica por saber o que lhes vai realmente acontecer.

Velhos edifícios dão hótéis ou habitação?

O Ministério da Agricultura muda para a nova sede do Governo e o Ministério da Administração Interna ocupa-lhe o lugar. O espaço que vai ficar livre do outro lado do Terreiro do Paço vai ser a casa de um centro interpretativo do 25 de Abril. Mais incerto parece ser o futuro do Palácio que, até esta mudança, era a casa do Ministério da Economia.

Miguel Pinto Luz admite que, pelas “características apalaçadas” e “localização privilegiada” de vários destes edifícios, alguns serviriam bem na função de hotéis. “O Estado tem de encontrar forma de rentabilizar esse património”, afirma, garantindo, contudo, que a prioridade” do Executivo é “a habitação”.

Mas para essa prioridade, neste momento, só estará previsto o edifício da sede da Presidência do Conselho de Ministros. O único dos três espaços que vão ficar já vagos que tem perfil para responder à crise na habitação.

“Há o compromisso de alguns destes edifícios serem, de facto, destinados a habitação”, insiste Margarida Balseiro Lopes. “É um problema gravíssimo (…) e, neste momento, o Estado tem de dar o exemplo.”

Uma “boa ideia” que não veio deste Governo

Os seis ministros que agora se mudam para a nova casa do Governo abandonaram os edifícios antigos na última sexta-feira. Durante todo o fim de semana, houve desmontagens e muito do mobiliário seguiu em direção à sede histórica da Caixa Geral de Depósitos.

Na nova casa, os objetos foram recebidos e alinhados para que o Governo pudesse cumprir a promessa que já tinha sido de António Costa. Recorde-se que foi no executivo anterior que foi tomada a decisão de mudar para aqui o Governo.

“É um projeto em que os portugueses terão – esperemos nós – os louros de um trabalho de continuidade”, diz o ministro da Presidência, quando questionado sobre se o Executivo social-democrata está a colher os frutos das ideias de outros.

“Foi uma boa ideia que se teve”, sublinha o ministro da Economia.

Poupar em cargos

Nesta primeira fase, vão mudar-se para o campus 23 membros do Governo. Fazem parte dos ministérios da Presidência, Coesão Territorial, Infraestruturas e Habitação, Economia, Juventude e Modernização, Agricultura e Pescas e Assuntos Parlamentares.

Antes de o Governo chegar aqui, tinha o apoio de onze secretarias-gerais. Daqui para a frente, contará apenas com uma secretaria-geral única. É uma das formas de poupar em 25% dos cargos diretivos.

“Vamos tentar separar cargos dirigentes e trabalhadores com vínculo à administração pública”, afirma Leitão Amaro, que garante que os segundos têm os seus postos de trabalho “protegidos”.

Casa partilhada por dois anos

Daqui em diante, o Governo partilha casa com os funcionários da Caixa Geral de Depósitos – que por aqui vão continuar pelo menos mais dois anos, até o banco ter a nova sede pronta.

Para já, o sétimo piso e metade do oitavo estão destinados aos governantes e respetiva equipa. Trabalham em espaço aberto e só ministros, secretários de Estado e chefes de gabinete têm salas próprias.

A sala do Conselho de Ministros é uma das últimas a ficar pronta, mas o executivo garante que até ao final de julho os membros do Governo ainda se vão sentar aqui para tomarem decisões.

No entanto, só em 2026 é que o logótipo da Caixa Geral de Depósitos poderá ser totalmente substituído pelo do Governo.

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