Todos os dias há missas em várias línguas numa das mais visitadas colinas da cidade.

“Toda a geografia mundial passa por aqui, por Santo António”, garantiu à agência Lusa o reitor da igreja, frei Jorge Marques.

Só de Itália, país onde morreu Santo António, chegam 2.000 a 3.000 grupos por ano, com cerca de 50 pessoas cada, segundo o sacerdote.

Este é o principal país de origem dos peregrinos estrangeiros, seguindo-se a Polónia, o Brasil e o México, mas também os Estados Unidos, na sequência do fluxo turístico que se verifica em Portugal.

“Há vários outros países da América Latina, da América Central, todos os países da Europa e da Ásia, sobretudo Coreia do Sul [lá existem muitos cristãos], das Filipinas…”, afirmou o responsável, recordando a visita de um grupo do Japão, onde os cristãos são uma minoria.

Vietname, Singapura e Tailândia fazem igualmente parte da lista, assim como a Índia, com muitos cristãos de Goa residentes em Inglaterra, o Sri Lanka, onde há vestígios e vocabulário português, e o Iraque, através de cristãos emigrados nos EUA.

“Vêm numa viagem organizada. Há um pormenor que não é muito feliz, mas a guerra na terra santa desviou este ano muitos grupos para Portugal, Espanha e Itália”, revelou, ao referir-se ao conflito entre Israel e o Hamas.

O continente menos representado é África, embora surjam ocasionalmente grupos de peregrinos da África do Sul, de Angola, e de outros países de língua portuguesa, bem como da Costa do Marfim, de acordo com a mesma fonte.

Além dos peregrinos, que marcam dia e hora para celebrarem missa na igreja, com os sacerdotes que os acompanham, há milhares de visitantes que não são contabilizados, uma vez que a entrada no templo é de acesso livre.

“Dos santos de toda a igreja, dos santos mundiais, é o mais conhecido, o mais espalhado pelo mundo”, referiu frei Jorge, explicando que para o resto do mundo Santo António de Lisboa ficou conhecido como sendo de Pádua (Itália) porque, na antiga tradição da igreja, os santos “passavam a pertencer” à cidade onde morriam: “Só nós em Portugal, praticamente, é que o chamamos Santo António de Lisboa”.

Para Nicolina Radocaj, que já fez mais de 30 viagens a Portugal com grupos de peregrinos da Croácia, a celebração na igreja erguida no local onde se crê que nasceu Santo António tem um significado especial.

“Para nós significa muito, porque gostamos muito de Santo António. Todas as pessoas do meu país são devotas de Santo António. Chamamos-lhe de Pádua, porque é mais perto para nós. Mas gostamos de vir aqui e de celebrarmos missa no local onde nasceu”, testemunhou.

Na Croácia, acrescentou, há muitas igrejas e capelas dedicadas a Santo António e também “muitas pessoas com o nome António”.

A viagem do grupo croata, acompanhado por três sacerdotes, num total de 49 pessoas, inclui paragens em Óbidos, Fátima, Batalha, Nazaré e Porto, antes de prosseguir para Santiago de Compostela (Espanha).

“Costumamos viajar pelo menos uma vez por ano para fora e normalmente fazemos cinco ou seis viagens curtas no local onde vivemos”, contou à Lusa o padre Mihill Gojani, confirmando que Santo António é “muito popular” na Croácia. “Costumamos dizer que é de todos nós, não só de Lisboa ou de Pádua. Na Croácia, há pessoas que não sabemos se são cristãs ou não. Mas todas vão ao santo António”, assegurou.

“Estamos muito felizes por estarmos aqui a celebrar missa e a rezar por tudo o que precisamos nos nossos corações”, confessou o padre, que viajou pela segunda vez para Portugal, integrado num grupo.

Lara Petnovéié, 20 anos, estudante, visitou a igreja pela primeira vez e desconhecia a tradição de pedir namorados e noivos a Santo António. A caixa de vidro onde se depositam os pedidos e orações em pequenos papéis está sempre cheia.

“Estamos muito felizes por estarmos aqui e aprender mais sobre Santo António, Lisboa e Portugal, em geral”, disse a jovem.

Ao visitarem o museu situado ao lado da igreja, muitos turistas surpreendem-se também quando ficam a saber que Santo António de Lisboa e de Pádua (onde se encontram as relíquias) são a mesma pessoa.

“Os estrangeiros acham curioso ser o mesmo santo e perceberem que não é italiano e que nasceu aqui em Portugal”, revelou o diretor do Museu de Santo António, Pedro Teotónio Pereira.

A relação com o santo, sublinhou, difere bastante de Portugal para Itália. “O que acontece é que o Santo António é muito íntimo das pessoas aqui. Há uma relação muito próxima com o Santo António e isso aqui torna-o quase um membro da família, enquanto em Itália é celebrado como um santo católico institucional, muito sério”, especificou.

“Aqui é quase ´tu cá, tu lá´ e é o santo antoninho que as pessoas celebram na rua nas festas de junho”, declarou o responsável pelo Museu de Santo António, parte integrante do Museu de Lisboa, visitado por cerca de 30.000 pessoas por ano.

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