A transição energética está – e vai continuar – a exercer pressão sobre as redes de distribuição de eletricidade que, por sua vez, já precisavam de ser renovadas mesmo sem essa transição. Como resolver então este problema? Para responder a esta questão, a E-Redes juntou numa conferência João Gouveia de Carvalho e João Brito Martins, ambos administradores da E-Redes; José Ferrari Careto, presidente executivo da E-Redes; Yves Frelon, responsável de estudos estratégicos no Departamento de Planeamento e Economia das Redes da francesa Enedis; Jose Luis González, sócio júnior da consultora McKinsey & Company; Edmea Adell, presidente da gestora de ativos industriais Assetsman; Jerónimo Cunha, diretor-geral da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG); Gonçalo Sampaio, diretor executivo da Sotécnica, detida pela Vinci Energies Portugal e Maria João Pereira, secretária de Estado da Energia. Estas são as principais conclusões do encontro desta segunda-feira à tarde.

1. A modernização

  • Na modernização das redes de distribuição de eletricidade já não se coloca a questão se ela é ou não necessária, mas sim como é que ela vai ser feita de forma eficiente e eficaz. Porque, diz João Gouveia de Carvalho, “a transição energética não acontecerá sem a modernização da redes”.
  • De acordo com José Luis González, esse trabalho é essencial mas não só pelo aumento de consumo de eletricidade que já veio e pelo que virá com a transição energética, mas também pelo aumento da produção renovável e auto produção, e ainda pelos eventos climáticos cada vez mais extremos que sobrecarregam as redes.
  • A inteligência artificial e a digitalização é uma forma de modernizar essas redes porque permitem aumentar a rapidez da reposta em casa de falha de eletricidade, como permite fazê-lo de forma remota.
  • Além disso, permite recolher mais dados e, dessa forma, gerir melhor as redes e as intermitências atuais da rede e evitar falhas.

A secretária de Estado da Energia, Maria João Pereira, encerrou o encontro ressalvando a preocupação do Governo com os consumidores

Matilde Fieschi

2. Os desafios

  • A falta de mão de obra é um deles, diz Gonçalo Sampaio. Porque faltam técnicos em Portugal e os que há são aliciados para ir para fora onde ganham mais e têm melhores condições de trabalho. Nesse sentido diz, “há a necessidade de melhorar a remuneração destes técnicos para não atrasar o nosso processo de descarbonização”.
  • Outro desafio é garantir que estes investimentos são feitos sem sobrecarregar o consumidor, isto porque, o dinheiro que se gasta em novas linhas e na modernização das linhas existentes, é pago pelos consumidores na tarifa.
  • José Ferrari Careto não antecipa o valor do plano da E-Redes para o período 2026-2030 que será entregue em outubro deste ano, mas garante que “tendo em conta o aumento do consumo previsto, é possível fazerem-se investimentos até €1,4 ou €1,5 mil milhões sem onerar a tarifa”.
  • A própria secretária de Estado da Energia diz que o “o Governo considera essencial o investimento nas redes, mas está preocupado com o impacto nos consumidores”, pelo que, além do alargamento da rede, considera importante incorporar todo “o tipo de modelos de gestão”, como a flexibilidade ou o armazenamento.
  • De facto, remata Jerónimo Cunha, “há mecanismos na rede que permitem aumentar a capacidade da rede sem fazer novo”.

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