Estudo mostra que há grandes diferenças no preço da água, muitas vezes no mesmo distrito. Há casos em que a diferença chegou a ultrapassar os 1.500 euros na fatura anual. As famílias numerosas são as mais penalizadas.

É cada vez maior a disparidade do preço que o consumidor paga pela água, consoante o concelho onde mora ou o agregado familiar.

Se uma família de 10 pessoas viver, por exemplo, em Lajes das Flores, nos Açores paga 53,52 por ano na fatura da água, mas se residir no município de Tábua, o preço do mesmo consumo sobe para os 1596,67

Mas as diferenças não se ficam só por regiões. No mesmo distrito, por exemplo no Porto, igual agregado familiar paga 128 euros anuais em Lousada, mas se morar em Valongo, o custo ultrapassa os 1185 euros.

“Podemos verificar discrepâncias nacionais na fatura anual de mais de 1500 euros. Neste locais onde a densidade populacional é mais baixa e onde o custo de levar estes serviços às pessoas é mais elevado deveria haver uma maneira de uniformizar as coisas, nomeadamente talvez com fundos nacionais”, garantiu Filipa Barker, responsável pelo estudo.

No mapa dos 308 municípios portugueses, é feito neste estudo dos serviços básicos de abastecimento água, saneamento e resíduos urbanos um ranking dos concelhos considerados mais ou menos justos.

O fosso da desigualdade territorial é acentuado e encontram-se penalizações por agregado familiar. Há concelhos em que uma família de sete paga mensalmente três vezes mais por cada membro do que uma pessoa que viva só.

“Quanto maior a família mais agrava essa injustiça do preço por metro cúbico porque grande parte dos tarifários, e de certa forma de maneira correta, para algumas tipologias familiares estão construídos por escalões. Não podemos considerar que cinco metros cúbicos, que é o valor do limite do primeiro escalão para muitos municípios, estão apropriados para as necessidades básicas de uma pessoa como estão para seis ou sete pessoas”, explicou Filipa Barker.

A Associação Portuguesa de Famílias Numerosas defende que devem ser tidos em conta todos os membros do agregado e por igual.

“Estabelecer um valor que seja justo por pessoa de consumo per capita e multiplicar esse valor pelo número de residentes de uma casa seria o justo e então a partir daí taxar o desperdício que deve ser taxado em todas as famílias”, disse a responsável pelo estudo.

Segundo os dados do ano passado, 76% dos municípios oferecem já tarifas familiares para abastecimento de água. Ainda assim a associação adverte que muitos deles, além de difícil acesso, não corrigem as situações de injustiça.

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